Compilação e análise de narrativas de pacientes moribundos que retornam à condição de vida consciente após vivências já na dimensão espiritual. Muito comum em casos de estados comatosos e durante cirurgias, quando o espírito e o corpo sutil ou perispírito desligam-se quase totalmente do corpo. Quase sempre presente nas descrições um túnel de luz e o reencontro do outro lado de parentes e amigos já falecidos. Mas para outros, esse momento é doloroso por defrontar-se com inimigos, vítimas e desafetos em geral.
No livro ?Nossa vida no além?, a Dra. Marlene Rossi Severino Nobre, presidente da Associação Médico-Espírita Internacional, cita vários nomes e respectivas bibliografias que narram EQMs ou NDE Near Death Experiences, a partir de pesquisas com médicos, psicólogos, terapeutas e alguns casos ocorridos com os próprios autores dos livros como, por exemplo, Margot Grey com seus ?Voltando da morte?, ?Perto da luz? e ?Transformados pela luz?.
Muita gente descrê da vida após a morte argumentando de maneira simplista que ninguém voltou de lá para contar. Ledo engano. Não só temos a mediunidade em suas variadas manifestações, incluindo cartas aos parentes em que os ?mortos? prestam testemunho sobre a continuação da vida como passou-se à investigação dos fenômenos que ocorrem na transição para a dimensão espiritual. Uma das pioneiras no assunto, no final da década de 1960, foi a Dra. Elizabeth Küble Ross, suiça radicada nos Estados Unidos. Outro pesquisador de renome internacional na área é o Dr. Raymond Moody motivado que foi ao ouvir uma conferência de um colega, George Ritche, em que este narrava sua própria experiência quando tinha 20 anos de idade. Mas há precedentes como o de Albert Heim que durante décadas catalogou relatos de soldados sobreviventes em batalhas, pedreiros em queda, etc e apresentou seus estudos no Clube Alpino Suíço, em 1892. Em 1961 Karlis Osis e colaboradores analisaram 600 questionários de médicos e enfermeiros sobre moribundos e 10% dos que se mantiveram conscientes haviam tido visões impressionantes.
Segundo a Dra. Elizabeth, as EQMs podem atingir até cinco fases distintas. Na primeira, o paciente, já considerado clinicamente morto, sente-se invadido por um sentimento de paz, beleza e alegria. O segundo equivale aos desdobramentos mediúnicos. Uns vêem seus corpos físicos, outros não. Sentem-se vigorosos, os sentidos mais aguçados, o estado mental de maior lucidez e em ambiente iluminado. Ouvem seres desencarnados instigando-os a voltar para o corpo. Alguns acusam dores.
É no terceiro estágio que costuma aparecer o famoso túnel escuro ou só uma permanência no escuro. Alguns seguem até o final, saindo para a luz, já do quarto estágio, e sentem saudades dos que estão ficando para trás. Não se movem, apenas flutuam no espaço. Alguns ouvem música. Na última fase descortinam-se belas paisagens, há harmonia e luminosidade. Mas há também pacientes que, principalmente nesta fase, andam por lugares tenebrosos e os descrevem; outros preferem silenciar a respeito. De qualquer forma não há duas EQMs iguais.
Algumas explicações oriundas de neurologistas materialistas apontam para um diagnóstico de alucinação desencadeada a partir de intensos sinais elétricos circulando no lobo temporal do cérebro. O Dr. Melvin Morse não nega a participação desta área cerebral no processo, mas aceitando-a como um efeito e não causa em si mesma. Já a Dra. Marlene Nobre, baseada em estudos realizados pela Associação Médico-Espírita Brasileira acredita que certas enzimas liberadas pela glândula epífise também têm a ver com as sensações vivenciadas pelos pacientes.
Observe-se que todos os fenômenos de mediunidade e mesmo os anímicos, especialmente nas análises do espírito André Luiz, envolvem a epífise, considerada ?a porta para a espiritualidade? e muito do que este autor coloca a respeito da dualidade espírito e matéria, no caso, o cérebro físico, nos fenômenos mediúnicos, das descrições que faz do processo morte e ainda de fatos e locais em que normalmente os espíritos desencarnados agem, são citados pela Dra. Marlene.
Entre as centenas de casos narrados em livros como ?Voltando da Morte?, de Margot Grey, ?Vida na Morte? e ?Rumo ao Ômega?, de Kenneth Ring, ?Recordação da Morte?, de Michael Sabom e ?Vida Depois da Morte?, de Raymond Moody, destacamos: a religião não é determinante nas vivências; não há duas narrativas exatamente iguais; a maioria não quer ?voltar? do outro lado; quase sempre há uma distorção do tempo; a hipótese da alucinação não se sustenta, pois às vezes o eletroencefalograma estava no zero, demonstrando que o cérebro estava sem atividade alguma.
Segue abaixo uma lista que reconstitui os 15 elementos mais comuns das EQMs: 1 -inefabilidade (dificuldade de linguagem para narrar fatos); 2 – ouve-se notícias, falas dos médicos; 3 – sensação de paz; 4 – ruído (música, ruins alguns, sinos); 5 – túnel; 6 – sensação de estar fora do corpo físico; 7 – encontro com almas de parentes e amigos mortos; 8 – a presença de um ser de luz; 9 – retrospecto da vida; 10 – a fronteira; 11 – a volta; 12 -receio de contar e ser ridicularizado; 13 – mudanças radicais na forma de encarar a vida após a experiência; 14 – nova visão da morte e 15 – confirmação dos vivos sobre visões, palavras, ocorrências durante o estado em que permaneceram clinicamente mortos.
Por estar relacionado, mais do que isso, o enredo tratar exclusivamente sobre o tema de Experiências de Quase-Morte, é que mencionamos aqui o filme ?Linha Mortal?. Tendo no elenco William Baldwin, Kevin Bacon e Julia Roberts e direção de Michael Douglas, o filme narra as experiências de futuros médicos realizadas entre os próprios membros do grupo. Uma boa dose de suspense e muito a pensar para todos aqueles que gostam de saber sobre o assunto, principalmente os espíritas. É uma boa dica.
Coluna da Associação de Divulgadores do Espiritismo do Paraná ADE-PR. E-mail: adepr@adepr.com.br