Militares hondurenhos entraram em alerta hoje para um possível retorno do presidente deposto Manuel Zelaya, enquanto negociações entre sua delegação e a do presidente interino, Roberto Micheletti, ocorrem na Costa Rica. As delegações de Zelaya e Micheletti chegaram hoje à residência do presidente costa-riquenho Oscar Arias, que está mediando as negociações com apoio dos Estados Unidos. Zelaya deu um ultimato que parece deixar pouco espaço para concessões, ameaçando retornar a Honduras e tentar retomar o poder caso não se chegue a um acordo até a meia-noite para reconduzi-lo à Presidência. Ele também sinalizou que irá rejeitar qualquer proposta de poder compartilhado.

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“Se até essa hora (meia noite) não houver uma resolução nesse sentido, vou considerar as negociações na Costa Rica um fracasso”, disse Zelaya ontem. “Vou voltar a Honduras, mas não vou dar a data, hora ou lugar, nem vou dizer se chegarei por terra, ar ou mar.”

“A comunidade internacional tem dado apoio unânime a esta mediação, na esperança de que o conflito hondurenho possa ser resolvido por meios diplomáticos e pelo caminho da paz”, disse Arias.

Funcionários do governo norte-americano alertaram que qualquer tentativa de Zelaya de retornar a Honduras poderia colocar em risco as negociações. Defensores de Zelaya têm realizado protestos diários exigindo seu retorno, e cerca de três mil deles bloquearam uma das principais ruas de Tegucigalpa no sábado. “As negociações não vão dar em nada, e as pessoas sabem disso”, disse Cesar Silva, que ajudou a organizar o protesto. Zelaya foi deposto por um golpe militar em 28 de junho. Ele tentou retornar ao país dois dias depois, com apoio do presidente venezuelano Hugo Chávez, mas o avião em que estava teve de abortar a aterrissagem porque veículos militares ocupavam a pista.

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