O exército do Iêmen matou pelo menos 140 rebeldes xiitas que tentaram tomar uma instalação do governo na cidade montanhosa de Saada, no norte do país. Foi o pior embate entre ambos os lados desde a ofensiva militar de 11 de agosto, de acordo com uma fonte do exército iemenita.
Depois do incidente, confrontos localizados irromperam na região de Harf Sufyan, província de Amran, segundo testemunhas. Na sexta-feira, o governo tinha anunciado a suspensão unilateral do conflito, que poderia se tornar um cessar fogo permanente se os rebeldes, sustentados pelo Irã segundo o governo, aceitassem as condições para a paz. Um porta-voz dos insurgentes disse que estudaria tais condições, mas as hostilidades foram retomadas no sábado.
A principal exigência é que os xiitas respeitem o cessar fogo, liberem as estradas, saiam de suas posições de combate e libertem civis e soldados capturados.
O jornal Asharq Al-Awsat, informou hoje que o principal comandante dos rebeldes, Abdul Malek al-Huthi, considerou mentirosa a oferta de paz do governo e negou que seu grupo seja apoiado financeiramente pelo Irã. “O governo quer usar a trégua para fins militares. E não somos ligados a qualquer entidade regional ou internacional; dependemos de Deus”, afirmou. “Se o governo rever sua posição, melhorar seu comportamento e lidar conosco como cidadãos que têm direitos, incluindo aquele de aderir ao ensino do Islam, não haverá problemas”, acrescentou.
A mais recente onda de conflito já dura cinco semanas e obrigou dezenas de milhares de civis a abandonar suas casas, de acordo com grupos de ajuda humanitária. O governo acusa os rebeldes de quererem restabelecer o reinado dos Zaidis, uma forma de governo clerical encerrada após um golpe de estado em 1962 e que iniciou um período de oito anos de guerra civil. Um ramo do Islã xiita, os Zaidis são minoria no Iêmen, de maioria sunita, mas são a maior parte da população do norte do país.
A Organização das Nações Unidas estima que 150 mil pessoas tiveram que deixar suas casas desde a retomada do conflito, em 2004. Os rebeldes Zaidis também são conhecidos por Huthis, depois que seu líder Hussein Badr Eddin al-Huthi, foi assassinado pelo exército em setembro de 2004.