O governo turco atacou posições de supostos rebeldes curdos no sudeste do país na segunda-feira. Segundo informa a agência de notícias Firat, ligada ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão, os militares bombardearam o grupo rebelde. Esse foi o maior ataque desde que os curdos começaram a negociar a paz com a Turquia há dois anos, pondo fim a um período de insurreição de três décadas.
O ataque aéreo, no entanto, não é confirmado pelo governo. Em declaração divulgada nesta terça-feira, as autoridades militares turcas afirmam que foram atacadas por rebeldes na província de Hakkari e retaliaram no “modo mais forte”. A versão é contestada pela agência Firat, que afirma que os curdos foram atingidos por artilharia de militares por três dias e foram forçados a retaliar.
Já a agência privada Dogan noticiou que jatos F-16 turcos atingiram alvos do partido em Hakkari, próximos à fronteira com o Iraque, na segunda-feira.
O ataque acontece em um momento de grande tensão na Turquia, devido ao avanço do grupo Estado Islâmico na cidade síria de Kobani. Os curdos que vivem no país acusam o governo turco de estar de braços cruzados enquanto membros da etnia são massacrados na cidade cercada pelos extremistas. Líderes curdos, incluindo o chefe do partido, Abdullah Ocalan, que está preso, alertaram que a queda de Kobani encerrará o processo de paz.
Na semana passada, mais de 30 pessoas foram mortas em protestos de curdos pela Turquia, incluindo dois policiais.
O Partido dos Trabalhadores do Curdistão luta por autonomia para a etnia em conflito que já vitimou milhares de pessoas desde 1984. Os curdos representam 20% da população da Turquia, que é de 75 milhões de habitantes, e enfrentam décadas de discriminação, incluindo restrições para o uso de sua língua. Fonte: Associated Press.