O Exército boliviano prendeu na segunda-feira (15) dez suspeitos de envolvimento na morte de camponeses na semana passada no Departamento (Estado) de Pando e confiscou armas de grupos opositores, dizendo que elas poderiam estar relacionadas ao caso. O ministro de governo, Alfredo Rada, informou que 15 pessoas, e não 30 como a mídia estava divulgando, foram mortas em Pando. Ele também disse que há 34 pessoas feridas e 101 desaparecidas, mas acrescentou que muitas podem ter fugido para as montanhas.
Testemunhas afirmam que o massacre de camponeses ocorreu quando eles se dirigiam em caravana para uma assembléia regional com objetivo de debater possíveis soluções para o conflito no país. Imagens de uma TV local mostram supostos civis atirando contra o grupo. O governo ainda busca mais vítimas do massacre.
O promotor-geral da Bolívia, Mario Uribe, emitiu na segunda uma ordem de prisão contra o governador de Pando, Leopoldo Fernández, e disse que abriu um processo para investigar acusações de genocídio e outros delitos feitas contra ele. O líder opositor foi acusado pelo governo central de ser o principal responsável do assassinato dos camponeses na cidade de Cobija, capital de Pando.
Fernández – cujo partido Poder Democrático Social (Podemos) é a principal força opositora no país – afirmou que enfrentará o processo e anunciou “resistência” contra o estado de sítio em Pando. O opositor ainda garantiu que seguirá sua rebelião contra o presidente Evo Morales e denunciou que pelo menos seis líderes cívicos foram presos em Cobija, mas não se sabe se eles estariam entre os dez detidos pelo Exército. Fernández, que continua exercendo suas atividades, pediu que o governo autorize a entrada na região de missões internacionais, da imprensa, de organizações políticas e de direitos humanos.
A oposição composta pelos departamentos de Santa Cruz, Tarija, Beni e Pando está mobilizada há semanas em protesto contra o governo central. Elas exigem o reconhecimento de suas autonomias e rejeitam a convocação do referendo constitucional, marcado para 7 de dezembro. Além disso, os opositores exigem a restituição de um imposto sobre gás e petróleo que foi confiscado pelo governo central para a criação de uma pensão para idosos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo