O ex-chefe de interrogadores de um dos principais centros de detenção e tortura na ditadura militar na Argentina, Ernesto Barreiro, afirmou nesta quinta-feira que entregou à Justiça uma lista com o nome de 25 vítimas de repressão e identificou dos locais onde estariam enterradas.
Barreiro está sendo julgado por crimes contra a humanidade cometidos no centro clandestino La Perla, na província de Córdoba, a 800 quilômetros a noroeste de Buenos Aires. Ele entregou a um tribunal na quarta-feira alguns nomes dos 400 dissidentes listados como desaparecidos.
A confissão causou um grande impacto porque Barreiro é uma figura emblemática da repressão ilegal que aparentemente quebrou o pacto de silêncio que mantêm a maioria dos militares julgados por atos ocorridos durante o regime militar, de 1976 a 1983.
Questionado sobre o motivo que o levou a entregar essa informação, Barreiro afirmou à rádio Mitre, de Córdoba, que responde a “uma obrigação moral com os que sofrem”. Além disso, a Justiça admite uma redução de pena para os acusados que colaborarem com o esclarecimento de crimes.
Barreiro foi um dos líderes do golpe militar em 1987, durante o governo democrático de Raúl Alfonsín, que forçou a promulgação de leis de anistia para acusados de crimes contra a humanidade. Ele fugiu para os Estados Unidos, mas foi extraditado para a Argentina em 2007. Quase duas décadas mais tarde as leis foram revogadas, permitindo a reabertura de centenas de casos. Fonte: Associated Press.