O ex-ditador do Suriname, Desi Bouterse, foi eleito presidente do país pelo Parlamento hoje, após semanas de disputas políticas com opositores, que tentavam evitar que ele, acusado de matar desafetos e condenado por tráfico de drogas, voltasse ao poder.
Partidários de Bouterse agitaram bandeiras do Suriname em frente ao Parlamento, após o político ter assegurado 36 votos em apoio à sua eleição. Um pequeno partido aceitou apoiar Bouterse em troca de três cadeiras no gabinete ministerial.
No Suriname, é necessária uma maioria parlamentar de dois terços, ou 51 deputados, para eleger o presidente. O Suriname, ex-colônia holandesa, é um país de 500 mil habitantes na costa norte da América do Sul, e faz fronteira com o Brasil. A aliança de Bouterse elegeu 23 deputados nas eleições de maio.
Bouterse enfrenta um julgamento há muito adiado no país, por seu papel na morte de 15 opositores políticos durante seu regime, em 1982. Alguns opositores disseram que a candidatura era um esforço de Bouterse para, uma vez no poder, suspender o julgamento e buscar a imunidade contra os processos judiciais.
Golpe
Bouterse tomou o poder no Suriname através de um golpe de Estado, em 1980, cinco anos após o país obter a independência da Holanda. Ele renunciou sob intensa pressão internacional em 1987, e retomou o poder em 1990.
Em 1999, um tribunal na Holanda condenou Bouterse, à revelia, por tráfico de cocaína. Na época ele evitou um pedido de extradição e uma sentença de 11 anos de prisão porque os dois países não tinham um tratado de extradição.
Bart Rijs, porta-voz da chancelaria holandesa, afirma que Bouterse nunca saiu do Suriname desde então, porque poderia ser detido pelos serviços secretos e extraditado à Holanda para ser preso. Rijs disse que Bouterse irá obter imunidade como chefe de Estado, mas que “se ele virar presidente, não será bem-vindo na Holanda”.