O ex-ditador argentino Reynaldo Bignone foi condenado nesta quinta-feira a 15 anos de prisão por crimes contra a humanidade cometidos em um hospital público que funcionou como uma central de torturas durante a ditadura militar na Argentina, entre 1976 e 1983.
O Tribunal Federal número 2 em Buenos Aires impôs a sentença a Bignone, de 85 anos, porque prendeu e torturou presos políticos, médicos e até enfermeiras em um centro clandestino montado pela repressão no Hospital Posadas, localizado na zona oeste de Buenos Aires. No local, em 1976, Bignone também comandou a tortura e em alguns casos o assassinato de médicos do hospital, informou a agência de notícias Telam, do governo argentino.
“Na madrugada de 28 de março de 1976, uma força militar com tanques e helicópteros, comandada pessoalmente por Bignone, ocupou o Hospital Alejandro Posadas e capturou, entre outros, o diretor do estabelecimento, Julio Cesar Rodríguez Otero (já falecido), que morava no chamado El Chalet, convertido em um centro de detenções e torturas”, diz o texto da Telam, citando o Tribunal.
Segundo a agência, sempre citando textos do Tribunal, nos quinze dias posteriores à invasão ocorreram várias torturas e assassinatos, incluídas contra o médico infectologista Jorge Roitman e também contra o empregado administrativo Jacobo Chester, cujos corpos assassinados foram descobertos mais tarde. Vários profissionais do Posadas, como a psicóloga María Esther Goulecdzian, o psiquiatra Daniel Calleja e a enfermeira Angela Cairo foram assassinados no hospital.
Bignone foi o último presidente de facto do regime militar argentino, entre 1982 e 1983. Ele assumiu a presidência no segundo semestre de 1982, logo após a Argentina fazer a fracassada invasão das Ilhas Malvinas. Em 2010, Bignone foi condenado a 25 anos de prisão em outro processo, pelo sequestro, tortura e assassinato de 56 pessoas na época da ditadura. As informações são da Associated Press.