O ex-chefe do Exército da Turquia Ilker Basbug foi preso, nesta sexta-feira, por um suposto plano para derrubar o governo de orientação islâmica do país, informou a agência de notícias Anatólia. Um advogado de Basbug, Ilkay Sezer, disse à agência que o ex-chefe militar teve a prisão preventiva decretada, acusado de pertencer a um grupo terrorista e tentar derrubar o governo.
É a autoridade mais alta do país a ser detida em uma série de investigações sobre supostos planos para derrubar o governo. A acusação é a de que os militares financiaram dezenas de sites para criticar o governo do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan, em 2009. Alguns dos suspeitos já foram acusados no caso, entre eles graduados generais e almirantes. Basbug, que passou à reforma em 2010, comandava os militares na época.
O governista Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP) venceu três eleições seguidas, reduzindo nos últimos anos o poder político dos militares no país. Os militares haviam realizado três golpes anteriormente na Turquia, forçando um premiê a islâmico a renunciar em 1997.
Sezer disse que Basbug é inocente. A suposta conspiração foi revelada primeiro por um jornal turco em 2009, que divulgou uma fotocópia de um suposto plano para prejudicar a reputação do governo, atacando-o como corrupto. As investigações foram inconclusivas, pois o documento original, supostamente firmado por um coronel da Marinha, não foi encontrado. A investigação foi retomada no ano passado, após um militar não identificado supostamente ter enviado o documento original ao procurador-chefe de Istambul.
Centenas de pessoas, entre civis, generais reformados e oficiais da ativa, já são acusadas de terrorismo por suposto envolvimento em planos que, segundo promotores, buscavam desestabilizar a Turquia e derrubar o governo. Os militares afirmam que 58 generais ou almirantes estão na cadeia por esse motivo.
Os opositores de Erdogan veem os julgamentos como um esforço do governo para intimidá-los. Os longos períodos de prisão sem veredictos e supostas irregularidades na coleta de provas lançaram dúvidas sobre o processo legal nos casos.
O líder de um partido da oposição secular, Kemal Kilicdaroglu, criticou a prisão. Segundo ele, esses processos em andamento “não estão distribuindo justiça”, mas sim “aprovando decisões tomadas por autoridades políticas”. As informações são da Associated Press e da Dow Jones.