Ex-astro do comunismo, Bo Xilai sofre com acusações contra sua esposa

Bo Xilai, ex-chefe do Partido Comunista na cidade de Chongqing e um dos políticos mais populares do China, deveria se tornar um dos novos integrantes do Comitê Permanente do Politburo, órgão de direção colegiado do partido, mas o envolvimento de sua esposa em um assassinato que representa o maior escândalo político em 30 anos no país fez com que o líder caísse em desgraça.

Bo, que sempre foi famoso por seu carisma, sua popularidade perante a imprensa estrangeira e sua ambição, agora é visto com olhares desconfiados pelos chineses.

Nascido em Dingrang, em 3 de julho de 1949, três meses antes da instauração da República Popular China, Bo compartilha com sua mulher, Gu Kailai, a origem geográfica (a humilde província de Shanxi, berço de grandes revolucionários comunistas).

Quando criança, o ex-ministro e o resto de sua família foram presos pelos ideais do pai, que defendia uma abertura econômica do então isolado regime maoísta. Bo passou cinco anos na prisão, metade da pena cumprida por seu pai. Com a morte de Mao Tse-Tung, pôde iniciar seus estudos superiores na Universidade de Pequim – como sua esposa – e em 1980, ingressou no Partido Comunista.

O chinês começou a ocupar cargos de responsabilidade em 1982, quando entrou para trabalhar no Departamento de Pesquisa do Partido, e a partir de 1984, passou a exercer cargo de diretor na província de Liaoning, base da indústria pesada do nordeste da China.

Entre 2000 e 2004, Bo foi governador da província, até ser chamado pelo atual presidente da China, Hu Jintao, para que assumisse o Ministério de Comércio, cargo no qual colheu seus principais sucessos.

À frente do Ministério, ficou conhecido mundialmente por trabalhar em árduas negociações com os Estados Unidos e a União Europeia, por conflitos comerciais em vários setores. Em 2007, o chinês foi nomeado secretário-geral do Partido Comunista no município de Chongqing, um cargo que fez Bo ganhar mais fama.

O ex-ministro transformou Chongqing na “capital vermelha” da China, já que instaurou na cidade a obrigação de cantar em público canções revolucionárias e transformou a televisão local em um aparelho de propaganda histórica.

No entanto, o grande feito de Bo foi a luta contra as máfias locais – que dominavam a polícia, os transportes e os tribunais – que acabou com milhares de acusações e detenções. Nesta luta contou com a inestimável ajuda de Wang Lijun, um incorruptível chefe de polícia que trabalhou para que a cidade ficasse limpa das máfias.

Curiosamente, foi o próprio Wang que precipitou a queda de Bo do governo, quando em fevereiro, se refugiou no consulado dos EUA em Chengdu para revelar que a mulher de Bo tinha assassinado o empresário britânico Niel Heywood em novembro de 2011.

Poucas semanas depois, no dia 15 de março, Bo foi destituído do cargo e, posteriormente, em 10 de abril, foi suspenso do Politburo do Partido Comunista. O sonho de Bo de fazer parte do poderoso Comitê Permanente, grupo de nove políticos que governará a China a partir de outubro, acabou no momento em que as acusações contra sua mulher se tornaram públicas.

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