O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, e seu adversário Benny Gantz tiveram nesta terça-feira, 17, um desempenho semelhante na segunda eleição do país em cinco meses. Com base em pesquisas de boca de urna, não era possível dizer se Gantz, líder do centrista Azul e Branco, ou Netanyahu, à frente do conservador Likud, teriam o número suficiente de cadeiras no Parlamento para formar um governo após a apuração dos resultados.

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Em duas pesquisas, Gantz aparecia com uma pequena vantagem, enquanto em uma terceira os dois estavam empatados. Não havia consenso sobre qual dos dois ficará à frente para formar uma coalizão, já que nenhuma delas dava maioria a um dos dois candidatos.

As projeções divulgadas pelos principais canais de TV do país deram ao Likud 32 cadeiras no Parlamento (Knesset). No total, a coalizão de partidos de direita liderada pelo premiê, que inclui partidos religiosos e ortodoxos, ficaria com 57 assentos. Já a aliança do partido Azul e Branco, liderada por Gantz, teria 34 assentos. Sua coalizão de centro, que inclui partidos de esquerda, ficaria com 53 parlamentares. Para formar governo, são necessários 61 deputados do total de 120.

Com esse cenário, o fiel da balança deve ser o partido laico conservador Yisrael Beiteinu, do ex-chanceler Avidgor Lieberman, que rompeu com Netanyahu em abril por discordar da aliança do premiê com os partidos religiosos e provocou a convocação de novas eleições.

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Após a divulgação das pesquisas, Lieberman afirmou que há apenas uma opção para o país: um governo de unidade entre o seu e os dois maiores partidos. Em discurso a seus apoiadores, Lieberman disse que a única opção para os dois maiores partidos seria se juntar a ele em coalizão ampla e secular que não ficasse sujeita às demandas dos partidos judeus ultraortodoxos.

De acordo com o New York Times, as pesquisas de boca de urna em Israel são frequentemente imprecisas, mas, se o resultado for ao menos similar às projeções, a convocação de Lieberman abriria caminho para complicadas negociações.

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Após as eleições de abril, Netanyahu ficou a um passo de formar maioria no Parlamento, mas foi barrado pela resistência de Lieberman. Ex-chanceler e ex-ministro da Defesa, ele rompeu com Netanyahu por ser contra um cessar-fogo com o Hamas na Faixa de Gaza e, para se juntar novamente à sua coalizão, exigiu a aprovação de uma lei que obrigue judeus ortodoxos a prestar serviço militar, proposta rejeitada pelas legendas religiosas.

O novo impasse prepara o cenário para um período prolongado de incertezas e manobras políticas complicadas, com Netanyahu em uma posição de barganha relativamente mais fraca. Os partidos podem ser forçados a um governo de unidade, como propôs Lieberman, mas essa alternativa poderia excluir Netanyahu.

Enquanto Lieberman se recusa a participar de qualquer coalizão que inclua partidos religiosos – que tradicionalmente apoiam o premiê -, Gantz, ex-chefe militar, descartou a possibilidade de sentar-se com um Likud liderado por Netanyahu, no momento em que o primeiro-ministro deve ser indiciado por corrupção nas próximas semanas.

O procurador-geral de Israel recomendou apresentar acusações criminais contra Netanyahu em três casos separados de corrupção, enquanto aguarda uma audiência de prejulgamento, programada para o próximo mês. Sem imunidade, Netanyahu estaria sob forte pressão para se afastar.

As atenções se voltam então para o presidente, Reuven Rivlin. Segundo as regras da política israelense, ele determinará – entre Netanyahu e Gantz – quem terá o mandato para formar a coalizão de governo. O gabinete de Rivlin informou nesta terça-feira que a decisão de indicar um candidato para formar o próximo governo será guiada, em parte, pela necessidade de se evitar uma terceira eleição.

Rivlin se reunirá com os líderes dos partidos assim que tiver um resultado claro das eleições, “o mais rápido possível”, segundo informou seu gabinete. O presidente de Israel, cujo papel é cerimonial, atribui a tarefa de formar um novo governo ao líder do partido com maior probabilidade de formar uma coalizão majoritária.

Netanyahu, de 69 anos, é o premiê israelense que ocupou o cargo por mais tempo. Tendo exercido a função inicialmente de junho de 1996 a julho de 1999, ele vem se mantendo no posto desde março de 2009 e busca um quinto mandato, o que seria um recorde.

Segundo seus adversários, o premiê é acusado de permanecer no poder graças ao apoio conquistado dentro dos partidos ultraortodoxos e do movimento de colonização nos territórios palestinos ocupados.

Em um outro resultado desfavorável ao premiê, o partido ultranacionalista Jewish Power, liderado por seguidores do rabino Meir Kahane, que defende a expulsão dos árabes de Israel e a criação de uma teocracia judaica, parece não ter obtido votos suficientes para ultrapassar a cláusula de barreira, reduzindo o apoio ao bloco de direita no Parlamento. (Com agências internacionais).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.