Evo Morales fará balanço do seu governo em La Paz

O presidente da Bolívia, Evo Morales, fará nesta quarta-feira (6) um balanço anual de sua gestão durante a celebração do aniversário da independência do país, que pela primeira vez em sua história recente será realizada em La Paz, na sede do palácio do governo. Segundo o vice-chanceler, Hugo Fernández, o evento está marcado para as 10 horas locais.

O cenário pouco habitual foi escolhido ontem à tarde, após o presidente ser obrigado a suspender sua viagem a Sucre, capital do departamento (estado) de Chuquisaca, devido a protestos de opositores.

Segundo as lideranças locais, não há condições de “garantir a segurança do presidente” porque os opositores de Sucre exigem que “(ele, ndr) peça perdão ao povo” pela morte de três pessoas ocorridas durante protestos realizados contra a Assembléia Constituinte, no ano passado.

Os conflitos na cidade se originaram a partir da decisão do governo de eliminar da agenda da Assembléia Constituinte, que se reunia em Sucre, a exigência desta cidade de voltar a ser a capital plena do país.

Embora seja a capital constitucional da Bolívia, Sucre abriga apenas a sede do Poder Judiciário. Os poderes Executivo e Legislativo estão em La Paz desde 1899, ano em que ocorreu uma guerra civil, o que é motivo de divergência entre as duas cidades.

A não transferência, de La Paz para Sucre, das sedes dos dois poderes, gerou protestos violentos que obrigaram a Constituinte a transferir suas sessões de trabalho a um liceu militar, em um primeiro momento, e posteriormente à cidade de Oruro, a 230 quilômetros de La Paz.

O governo nega ser o responsável pela morte dos três manifestantes, e por isso descarta que o presidente Morales peça desculpas.

O clima de tensão cresce na Bolívia na medida em que se aproxima o referendo revogatório marcado para domingo, dia 10. Na ocasião, o presidente Morales, seu vice, Álvaro García Linera, e mais nove governadores de departamentos — a representante de Chuquisaca foi eleita recentemente — serão submetidos à aprovação popular. Caso o respaldo obtido seja inferior à porcentagem com a qual foram eleitos, os políticos terão seus mandatos interrompidos. A oposição é contrária à realização do pleito.

Ontem, após os protestos que terminaram com a morte de dois mineiros e deixaram 38 feridos em Oruro, o presidente Morales descartou recorrer às forças militares para restabelecer a ordem na região.

Os enfrentamentos começaram quando a polícia tentou obrigar cerca de mil pessoas a levantar um bloqueio que havia interrompido o caminho entre Laz Paz, Oruro e Cochabamba, na região do altiplano andino.

“Nós não vamos responder na mesma moeda”, disse o porta-voz oficial, Ivan Canelas, que atribuiu os protestos “a grupos reduzidos” que “fazem esforço para gerar violência”.

O ministro de Governo, Alfredo Rada, pediu “uma investigação profunda e imparcial” destes enfrentamentos, e assegurou que os chefes de polícia informaram a Morales que seus oficiais não utilizaram armas de fogo.

Os mineiros anunciaram que vai manter a mobilização, exigindo a aprovação do projeto de uma nova política de aposentadorias proposta pela Central de Trabalhadores, que substituiria a que foi originalmente apresentada pelo governo ao Congresso boliviano.

Em Tarija, também ontem, confrontos entre manifestantes e policiais causaram o cancelamento da viagem oficial que os presidentes da Argentina, Cristina Kirchner, e da Venezuela, Hugo Chávez, fariam a Evo Morales.

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