Quase quatro anos depois de sua eleição para a presidência da Bolívia, o ex-líder cocaleiro Evo Morales deve dar hoje um dos mais importantes passos para a consolidação de seu projeto de “refundar o país” por meio de uma nova Constituição. Com uma popularidade cada vez maior – consequência de um período econômico favorável e de programas sociais dirigidos à camada da população localizada abaixo da linha de pobreza -, Evo deve vencer a eleição presidencial de hoje e liquidar a fatura ainda no primeiro turno. As últimas pesquisas atribuem a ele 55% das intenções de voto, enquanto o segundo colocado, Manfred Reyes Villa, tem 18%.
Para o analista político Gonzalo Chávez, professor da Universidade Católica Boliviana, a vitória de Evo significará uma política de acúmulo de poder e um modelo econômico estatista. Seguindo a fórmula traçada por seu grande aliado na região – o presidente venezuelano, Hugo Chávez -, Evo fez aprovar em janeiro uma Carta que reforçou os poderes do Executivo e isolou a oposição no Legislativo .”A fraqueza da oposição põe em risco a democracia. Com a nova Carta, Evo tem um poder cada vez maior”, explica.
O ex-líder sindicalista que se tornou o primeiro indígena eleito para a presidência boliviana deve obter a votação necessária para evitar a realização de um segundo turno. Além do presidente da república, os bolivianos escolhem também hoje os 36 senadores e 130 deputados federais. O governo espera que o Movimento ao Socialismo (MAS), partido de Evo, conquiste maioria de dois terços nas duas Casas.