O presidente da Bolívia, Evo Morales, denunciou nesta segunda-feira (15) uma tentativa de “golpe de Estado civil e dos Estados”, e afirmou que a reunião de presidentes sul-americanos convocada pela chefe de Estado do Chile, Michelle Bachelet, será importante para a unidade da América do Sul e do seu país. Por sua vez, o chanceler do Chile, Alejandro Foxley, adiantou que “o ponto básico a ser proposto hoje é a instalação de uma mesa de diálogo” na Bolívia, que possa ser acompanhada pela União das Nações Sul-americanas (Unasul) e pelo Organização dos Estados Americanos (OEA).
Morales foi o segundo presidente a chegar a Santiago para participar do encontro de líderes da Unasul, que começou na tarde desta segunda no Palácio de la Moneda. O primeiro foi o presidente do Paraguai, Fernando Lugo. Ainda no Aeroporto Internacional de Santiago, Morales agradeceu a convocação da reunião e as “distintas manifestações dos presidentes sul-americanos a favor da unidade do meu país, a Bolívia”.
“Eu vim aqui para explicar aos presidentes da América do Sul sobre um golpe de Estado civil e estadual de alguns departamentos (Estados), gestado nos últimos dias, com a tomada de instituições, saques, roubos a instituições do Estado, tentativa de assalto contra a polícia nacional, às forças armadas, ações terroristas que tentaram cortar os gasodutos, mas principalmente como alguns grupos exercitaram os delitos de lesa humanidade”, disse Morales. Segundo ele, a cúpula da Unasul servirá “para defender a democracia não apenas na Bolívia, mas também em todos os países da América do Sul, da América Latina e do mundo”. “Somos democráticos, mas também existem grupos que defendem a divisão da Bolívia”, disse ele
O secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, chegou nesta segunda-feira (15) cedo à Santiago e declarou que “a situação se agravou de verdade na Bolívia e chegamos a um ponto onde ou as hostilidades cessam imediatamente e se passa à negociação, ou a situação será irreversível”. “Por isso, é importante que sejam tomadas decisões”, afirmou. Insulza esclareceu que “é importante que todo mundo saiba que os organismos internacionais não estão em condições de intervir e dizer aos países o que eles precisam fazer”. “A decisão e os acordos precisam ser internos. Mas as organizações internacionais podem manifestar sua opinião e dar seu apoio e isso tem o seu papel”, disse Insulza
Bachelet convocou a reunião da Unasul porque o novo organismo, criado em maio, não pode permanecer “impassível” ante a onda de violência na Bolívia. Foxley disse que a Unasul e Insulza poderão levar à Bolívia a idéia da mesa de diálogo e “conversar com todos os setores que hoje em dia têm uma discussão, para que seja estabelecido um calendário para voltar à normalidade, acabar com a violência e tornar a negociação um elemento permanente nas próximas etapas de desenvolvimento da democracia boliviana”