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Europa tenta proteger negócios no Irã

A decisão de Donald Trump de retirar os EUA do acordo nuclear com Irã isolou ainda mais o governo americano de seus aliados na Europa, que estudam pelo menos duas maneiras de burlar as sanções econômicas e a pressão sobre Teerã.

A primeira seria a reedição de uma medida existente desde 1996 e usada no período de vigência da lei americana Helms-Burton, que previa sanções contra empresas estrangeiras com atividades em Cuba. Pelo mecanismo europeu, empresas que atuam no Irã teriam a garantia de Bruxelas de que não seriam financeiramente penalizadas pelas sanções americanas.

A segunda é um programa de crédito do Banco Europeu de Investimentos (BEI), que daria linhas de crédito a empresas que têm negócios no Irã e enfrentarão penúria de recursos em razão do impacto das sanções sobre bancos internacionais.

Para analistas, a questão é se as empresas considerarão que o “escudo europeu” dá segurança jurídica suficiente para continuar a negociar contratos no Irã. Para o cientista político alemão Joseph Janning, do Centro Europeu para Relações Internacionais, a estratégia americana de sair do acordo, mas deixando um tempo aos europeus para renegociar com o Irã, pode ser entendida como uma estratégia para arrancar algo mais de Teerã.

“A saída de Trump do acordo contém um elemento temporal. Ele vai tentar aumentar a pressão sobre os países signatários do acordo para que lhe entreguem algo a mais”, afirma Janning. “Podemos chamar isso de blefe. Sair do acordo seria contra os interesses dos EUA.”

Os interesses econômicos de empresas europeias com negócios no Irã tendem a ser atingidos pelas sanções americanas, uma vez que novos contratos a serem firmados com o governo ou empresas iranianas serão alvo de represálias dos EUA. Washington anunciou uma espécie de período de carência para que as firmas estrangeiras que já têm contratos em vigor se retirem do país.

Segundo o Departamento do Tesouro dos EUA, os contratos firmados entre empresas estrangeiras e o Irã passariam a ser alvo de sanções após um período de transição, que pode ir de 90 a 180 dias. Nesse caso, companhias europeias como Airbus, que tem negócios de € 10 bilhões com os iranianos, seriam afetadas após o prazo de carência, já que firmaram contratos com Teerã a partir de 2015.

No momento em que Trump fazia seu pronunciamento, o presidente francês, Emmanuel Macron, a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e a primeira-ministra britânica, Theresa May, se reuniram em videoconferência para discutir uma posição conjunta.

“França, Alemanha e Reino Unido lamentam a decisão americana de sair do acordo nuclear iraniano. O regime internacional de não proliferação nuclear está em jogo”, advertiu Macron, anunciando a intenção de buscar um novo tratado, mais amplo que o atual.

“Nós trabalharemos coletivamente em um quadro mais largo, cobrindo a atividade nuclear, o período após 2025, os mísseis balísticos e a estabilidade do Oriente Médio, em particular na Síria, no Iêmen e no Iraque.”

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