O consumo de cocaína na Europa, especialmente nas regiões Ocidental e Central, está avançando em ritmo acelerado e encontra-se muito próximo dos Estados Unidos, maior consumidor mundial, segundo relatório anual do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), divulgado hoje (23). O relatório mostrou ainda que a produção mundial de ópio, coca e cocaína caiu em 2010 – embora as Nações Unidas acreditem que a produção de ópio voltará a crescer – e observou o aumento de substitutos legais, como as anfetaminas.
Os Estados Unidos continuam sendo o maior mercado, com o consumo estimado em 157 toneladas em 2009, equivalente a 36% do total consumido no mundo. A Europa está em segundo lugar no consumo de cocaína, com um total estimado de 123 toneladas em 2009.
A ONU observou “forte queda nos últimos anos” na utilização mundial de cocaína. Mas o consumo europeu de cocaína dobrou na última década, oferecendo um giro anual de US$ 36 bilhões (25 bilhões de euros) aos traficantes, aproximando-se do giro anual norte-americano de US$ 37 bilhões (25,7 bilhões de euros).
Anfetaminas – O relatório destaca ainda que, enquanto muitas nações lutam contra a produção de drogas e contra o tráfico, os consumidores estão voltando-se para os substitutos legais a cocaína e ao ecstasy. O uso da altamente viciante anfetamina está aumentando no Leste Asiático. Segundo registros, o consumo também recuperou-se na América do Norte, após vários anos de queda.
A anfetamina contribuiu para um salto na apreensão de drogas sintéticas em 2009, quando cerca de 16 toneladas da substância foram apreendidas pelas autoridades policiais, comparada com a apreensão de menos de 12 toneladas em 2008.
“As drogas causam cerca de 200 mil mortes por ano”, disse o chefe do Escritório de Drogas e Crimes das Nações Unidas, Yuri Fedotov. “Uma vez que as pessoas com sérios problemas com drogas são responsáveis pela maior parte da demanda, tratar o problema é um dos melhores caminhos para reduzir esse mercado”, acrescentou.
Colômbia – O cultivo global de coca caiu um sexto em 2010, acompanhado de uma significante redução na produção de cocaína na Colômbia, maior fornecedor da droga. De acordo com o relatório, perto de 5% da população mundial utilizou algum tipo de droga ilícita no ano passado pelo menos uma vez, enquanto muitos passaram de drogas tradicionais para as drogas sintéticas ou prescritas.
O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, destacou a relação entre o mercado de drogas ilícitas e o terrorismo e os conflitos mundiais em nota que acompanhou o relatório. “O mercado de ópio afegão de US$ 61 bilhões (42 bilhões de euros) anuais está financiando a insurgência, o terrorismo internacional e uma ampla desestabilização”, disse Ban. “No leste da África, o comércio global de US$ 85 bilhões (58 bilhões de euros) de cocaína está exacerbando o vício e a lavagem de dinheiro, impulsionando a instabilidade política e ameaçando a segurança”, acrescentou.
“Cada US$ 1 bilhão (695 milhões de euros) de cocaína pura traficada por meio do Leste Africano produz um lucro de mais de 10 vezes quando vendido nas ruas da Europa”, destacou.
O relatório listou a maconha como a droga ilícita mais amplamente produzida e consumida. Segundo as Nações Unidas, 203 milhões de pessoas – ou 4,5% da população mundial – utilizou a droga pelo menos uma vez em 12 meses.
A produção de ópio caiu 38% no ano passado, em consequência de pragas que atingiram as plantações no Afeganistão. Mas parte da queda foi compensada pela produção de Mianmar, onde o cultivo cresceu cerca de 20% em 2010, dando ao país uma participação de 12% na produção mundial. Entre 2007 e 2010, as Nações Unidas calculam uma queda de 45% na produção mundial de ópio, mas acreditam que essa reversão é temporária. As informações são da Associated Press.