Marine Le Pen, a presidente do partido de extrema-direita Frente Nacional, disse que a Europa não tem a capacidade de lidar com os imigrantes ilegais vindos do norte da África. Ela visitou hoje um centro para imigrantes ilegais na ilha italiana de Lampedusa. Um grupo de jovens manifestantes a qualificou como “racista” enquanto ela fazia a visita à ilha, onde 8.700 pessoas do norte africano fugiram dos distúrbios que se espalharam por Tunísia, Egito e Líbia desde janeiro. Marine é filha de Jean-Marie Le Pen, que presidiu a Frente Nacional e várias vezes concorreu à presidência francesa.

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Apesar das políticas contra a imigração de seu partido, Marine insistiu antes de sua chegada que não estava interessada em provocar, apenas em coletar informações. A política, de 42 anos, que pode concorrer à presidência francesa no próximo ano, tenta amenizar a imagem da Frente Nacional como um partido xenofóbico. “A Europa não tem capacidade de receber bem esse número de imigrantes ilegais”, disse Marine. Ela afirmou que esse influxo “acrescenta pobreza à pobreza e desordem à desordem”. A líder francesa advertiu que os imigrantes estavam chegando “em proporções com as quais a Itália não pode mais lidar”. “Na verdade, estamos prestes a testemunhar uma catástrofe.”

A visita ocorre no momento em que pelo menos cinco novos barcos cheios de imigrantes seguem para a ilha em busca de refúgio. A maioria dos 8.700 norte-africanos que chegaram ao local desde o início dos distúrbios na Tunísia, em janeiro, dizem querer seguir para a França, onde vários têm família.

Enquanto Marine visitava o centro, onde estão atualmente 900 imigrantes ilegais, pouco mais de dez manifestantes se reuniram para protestar. “Madame Le Pen é uma xenofóbica, racista e neofascista, e nós não queremos ela aqui”, afirmou Giacomo Sterlazzo, um dos manifestantes. O prefeito da ilha, Bernardino De Rubeis, porém, parecia mais receptivo, notando que a emergência em Lampedusa requer uma resposta europeia. “Eu não vou julgá-la como uma racista.”

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Os que chegam a Lampedusa são enviados para um centro no sul da Itália. Durante sua estada na ilha, cada um recebe três refeições e dez cigarros por dia, além de um cartão de telefone para fazer telefonemas. Balbaba Mazaui, um imigrante da Tunísia, disse que esperava um telefonema do pai na França. Mazaui disse que decidiu se arriscar na viagem “porque não há trabalho, e também porque a polícia está me procurando”. Autoridades italianas despacharam cerca de cem soldados para evitar que os imigrantes fiquem circulando pela ilha, também um destino turístico. As informações são da Associated Press.