O representante de comércio dos Estados Unidos, Robert Lighthizer, disse, em entrevista ao programa “Face the Nation”, da CBS, neste domingo, que a primeira fase do acordo com a China “está resolvida”. “Em todo acordo, há um período de tradução, há algumas questões. Mas isso está totalmente resolvido, com certeza”, afirmou. Segundo ele, o setor agropecuário norte-americano deve vender mais para a China, mas também haverá ampliação dos negócios em áreas como indústria e serviços. “Temos uma lista que inclui indústria, agricultura, serviços, energia e afins. Haverá um total para cada um desses”, complementou o representante. “No segundo ano, nós praticamente duplicaremos exportações de produtos para a China, se esse acordo estiver em vigor.”
Lighthizer disse que os EUA vendiam para o país asiático em torno de US$ 128 bilhões em 2017, antes da guerra comercial, e que as exportações vão aumentar em “pelo menos US$ 100 bilhões”. “Em termos de números da agricultura, temos um compromisso de vendas (para a China) entre US$ 40 bilhões e US$ 50 bilhões”, afirmou. “Você pode pensar em US$ 80 a US$ 100 bilhões em novas vendas da agricultura ao longo dos próximos dois anos.”
Questionado sobre o impacto negativo da guerra comercial aos produtores norte-americanos, ele assinalou que as diferenças comerciais dos EUA com outros países serão resolvidas “muito rapidamente”. Segundo o secretário, considerando o acordo comercial USMCA (EUA-México-Canadá) e outros bilaterais, com Japão e Coreia do Sul, os EUA “reescreveram as regras” para 56% das exportações do setor agropecuário norte-americano, com benefícios para o país. Ele reforçou que o acordo sino-americano, apesar de parcial, trouxe avanços em propriedade intelectual e transferência de tecnologia, remoção de barreiras a produtos agrícolas, serviços financeiros e câmbio.
O secretário ressaltou, ainda, que a fase 1 tem um mecanismo para garantir a sua aplicação. “Os EUA podem tomar medidas se a China não cumprir seus compromissos”, disse. Conforme Lighthizer, não há uma data para o começo das negociações da próxima fase. “Temos que resolver as traduções finais, as formalidades. Vamos assinar este acordo, mas a segunda fase será determinada pela forma como implementamos a fase 1”, disse. “É realmente um acordo notável, mas não vai resolver todos os problemas.”