Os Estados Unidos decidiram agir para impedir a renúncia e a saída de cena de Mahmoud Abbas, seu principal aliado entre os palestinos, que demonstra insatisfação com o abrandamento da posição norte-americana em relação a Israel. Com recados via emissários ocidentais e ajuda de líderes árabes, a Casa Branca tenta convencer o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP) a desistir da ideia de deixar o poder e não concorrer a um novo mandato nas eleições de janeiro.
Alguns analistas afirmam que se trata de barganha do líder palestino para conseguir concessões. Mesmo assim, norte-americanos e israelenses decidiram levar a ameaça a sério. Nesta semana, em Washington, o premier de Israel, Binyamin Netanyahu, em tom de amizade, pediu a Abbas que retorne à mesa de negociações e não deixe de lado esta oportunidade para a paz.
No Brasil, o presidente de Israel, Shimon Peres, defendeu a permanência de Abbas, a quem chama de amigo, no poder. Até mesmo o ministro das Relações Exteriores do País, Celso Amorim, ressaltou a importância do líder palestino, no poder desde a morte de Yasser Arafat há cinco anos. A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, acrescentou em uma série de declarações – depois do anúncio de Abbas – que o palestino é fundamental para o processo de paz.
O enviado dos EUA ao Oriente Médio, George Mitchell, foi acionado e deve se reunir com Abbas até o fim da semana. Blogs especializados em Oriente Médio não descartam a possibilidade de que o próprio presidente Barack Obama se envolva diretamente na questão. O ex-premier britânico Tony Blair, que hoje representa na região o chamado Quarteto, do qual os EUA fazem parte, pediu a Abbas que não deixe a administração.
Sem Abbas, os norte-americanos ficam sem um parceiro no lado palestino. Apesar de impopular, o presidente é o único capaz de unir o Fatah, além de Marwan Barghouti, preso em Israel sob acusação de envolvimento com terrorismo. As outras alternativas seriam o Hamas, considerado terrorista pelos EUA, ou figuras moderadas, como premier Salam Fayyad ou o ativista Mustafá Barghouti, que possuem pouca expressão entre os palestinos.