Em pedaços depois do colapso, a Organização Mundial do Comércio (OMC) tenta recolher os cacos e pensar no futuro. Um dia após o fracasso da negociação, o governo americano sugeriu que o modelo adotado na Rodada Doha fosse substituído por acordos em assuntos onde houvesse consenso. O ministro das Relações Exteriores do Brasil, o chanceler Celso Amorim, deixou claro que a proposta não funcionaria, já que apenas um pacote poderia ser aceito por negociadores.
Uma das poucas idéias concretas foi apresentada pela representante de Comércio dos EUA, Susan Schwab. A regra estabelece que todos os temas precisam ser acordados antes da assinatura de um tratado. Por isso, parte do processo se complica, já que governos exigem pagamentos em vários setores por concessões feitas em uma área.
Schwab defende a aprovação de pacotes à medida que forem negociados. “A OMC é vital. Se ela não existisse, teríamos de tê-la criado. Mas a complexidade da catedral da Rodada Doha é sua pior inimiga”, disse. “Nunca houve negociação tão complexa. São 153 países, com milhares de tarifas serviços e outros assuntos.”
Para Amorim, dificilmente os países aceitariam isso. “Muitas concessões que países emergentes fariam somente poderiam ocorrer se soubessem o que ganhariam em agricultura.” Já o diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, pediu que os avanços fossem preservados. “Precisamos pensar nos próximos passos depois de baixar a poeira”.
Por sua vez, o comissário europeu do Comércio, Peter Mandelson, deixou claro que não é apenas o processo que precisa ser revisto. Mas a atitude dos ministros.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.