O soldado americano Bradley Manning, de 22 anos, vive hoje em uma “solitária”, à espera do julgamento em corte marcial em 2011. Antes de ser isolado do mundo, porém, o jovem teve acesso, durante 14 horas por dia, sete dias por semana, ao longo de oito meses, a uma rede gigantesca de informações secretas do Departamento de Estado americano a partir de seu posto de trabalho, em Bagdá.

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Ao decidir apagar os arquivos MP3 de Lady Gaga e copiar em seu lugar 1,6 gigabytes de dados em um CD regravável, Manning protagonizou o maior vazamento de informações da história. Nas mãos do australiano Julian Assange e do site WikiLeaks, esses 250 mil relatórios escritos por diplomatas de embaixadas dos Estados Unidos vieram à tona no último domingo e, desde então, já começam a mudar o modo de se fazer diplomacia.

Por ordem de Washington, computadores cedidos pelo Departamento de Estado a diplomatas que redigem relatórios confidenciais não mais contarão com tecnologias banais, como os drives USB para pen drives. A decisão é adotar “uma solução temporária para mitigar os riscos futuros de que dados confidenciais sejam movidos por funcionários para sistemas não seguros”, segundo nota distribuída pelo Departamento de Estado americano.

Além disso, o número de computadores que terão acesso aos sistemas que armazenam informações “sensíveis” será brutalmente reduzido no Pentágono, por decisão do secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates. As medidas são as primeiras adotadas pelo governo americano e formam parte de uma série de soluções de curto, médio e longo prazos que vêm sendo adotadas ou estudadas em todo o mundo nos últimos meses para aprimorar a segurança de dados sigilosos.

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Vazamento

No dia 22, o WikiLeaks avisou, por meio de sua conta no site de microblogs Twitter, que publicaria na internet “uma quantidade de documentos sete vezes maior do que o conteúdo revelado sobre a guerra no Iraque”, quando 400 mil documentos sigilosos foram parar na rede.

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Quatro dias depois, o dono do WikiLeaks, Julian Assange, enviou uma carta ao Departamento de Estado americano pedindo informações sobre funcionários do governo que pudessem estar em locais nos quais suas vidas fossem colocadas em risco no momento da publicação. No dia 28, alguns jornais europeus e americanos começaram a ter acesso privilegiado ao conteúdo, antes que os mais de 250 mil documentos fossem colocados no site do WikiLeaks.