Um enviado dos Estados Unidos pediu, neste sábado, uma investigação independente sobre a violência que devastou o sul do Quirguistão, depois da divulgação de um vídeo amador com imagens de moradores de etnia usbeque desarmados se reunindo para defender sua cidade durante os ataques que assolam o país.
Promotores do Quirguistão acusaram Azimzhan Askarov, chefe de um grupo proeminente de direitos humanos que mostrou o vídeo, de incitar a raiva étnica. Askarov acusou os militares de serem cúmplices nos conflitos sangrentos que levaram centenas de milhares de usbeques a fugir de suas casas para salvar suas vidas.
O ombudsman de direitos humanos do Quirguistão, Tursunbek Akun, insistiu que as acusações contra Askarov foram fabricadas. Ativistas protestaram em frente aos escritórios da Organização das Nações Unidas (ONU), em Bishkek, para exigir a libertação de Askarov.
A chefe da organização de direitos da Justiça, Valentina Gritsenko, afirmou que temia que Askarov estivesse sendo torturado. Ele foi preso junto com seu irmão na última terça-feira no sul de Bazar-Korgon, afirmaram amigos de Askarov.
Bairros usbeques inteiros foram reduzidos a ruínas chamuscadas pela violência étnica no sul do Quirguistão que obrigou cerca de metade dos 800 mil usbeques que viviam na região a fugir.
A presidente interina do país, Roza Otunbayeva, afirmou que o número de mortos nos distúrbios pode chegar a 2 mil pessoas.
As autoridades do Quirguistão afirmaram que a onda de violência foi espalhada por partidários do ex-presidente Kurmanbek Bakiyev, deposto em abril em meio a acusações de corrupção.
A ONU disse que os distúrbios parecem orquestrados, mas não chegou a atribuir a culpa a alguém. Bakiyev negou, do exílio, qualquer envolvimento com os conflitos.