Autoridades do governo dos Estados Unidos defenderam ontem a negociação direta entre o vice-presidente egípcio, Omar Suleiman, e a oposição. Em entrevista à Fox News, o presidente Barack Obama disse que a Irmandade Muçulmana, maior grupo de oposição no Egito, não representa a maioria dos egípcios e advertiu que “partes” da organização adotam discurso “antiamericano”.
Os EUA evitam adotar uma posição clara sobre a participação da Irmandade Muçulmana no diálogo entre a oposição e o regime no Cairo. “A população egípcia pretende ter uma transição ordenada que leve a eleições livres e justas”, disse a secretária de Estado, Hillary Clinton. “Isso é o que os EUA têm constantemente apoiado. Estamos nos esforçando muito para ter certeza de que o processo de diálogo que já começou tenha importância e seja transparente.” Questionada sobre a participação da Irmandade, Hillary disse que “ao menos eles estão envolvidos no diálogo”.
O senador democrata John Kerry, presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, considerou “extraordinário” que grupos opositores, incluindo a Irmandade, estejam participando das negociações.
A Irmandade tem se comprometido a apoiar a democracia e aceitou até mesmo a liderança de figuras laicas, como o Nobel da Paz Mohammad ElBaradei, no diálogo como o regime. Apesar de participarem, eles tampouco comandaram protestos. Há anos, abdicaram de ações violentas.
O problema, para os EUA, está na posição da Irmandade em relação a Israel. Líderes do grupo têm evitado dizer se suspenderiam o acordo de paz com os israelenses e dizem que os palestinos têm o direito de resistir contra a ocupação. O Hamas, considerado terrorista pelos EUA, foi inspirado na Irmandade Muçulmana e as duas organizações ainda mantêm relações. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.