O chefe do Comando Central dos Estados Unidos, general David Petraeus, demonstrou dúvidas sobre a perspectiva de retirada dos soldados norte-americanos do Afeganistão em 2014, admitindo que o Taleban, expulso de algumas áreas, simplesmente “brota” em outras. Em entrevista levada ao ar pela emissora ABC hoje, ele não disse estar confiante de que o governo afegão e suas forças de segurança estarão estáveis e terão competência suficiente para assumirem daqui a quatro anos, como esperado por Washington.
“Eu não sei o que vocês querem dizer com confiante. Eu acho que nenhum comandante jamais vai sair e dizer ‘Eu tenho certeza de que podemos fazer isso'”, disse Petraeus, em entrevista no Afeganistão. “Eu acho que vocês avaliam, acreditamos nisso, quer dizer, numa perspectiva razoável” e que as forças norte-americanas estão fazendo “tudo que podemos para aumentar as chances para que essa perspectiva se concretize”. “Mas, de novo, eu não acho que há qualquer garantia neste tipo de tentativa e eu não seria honesto com vocês ou com os expectadores se não transmitisse isso”.
O momento de franqueza de Petraeus ocorreu após a visita não anunciada do presidente Barack Obama, na última sexta-feira, ao Afeganistão – a segunda desde que assumiu o cargo quase dois anos atrás – quando ele assegurou às tropas norte-americanas que elas estão vencendo a guerra contra os insurgentes do Taleban.
Enquanto Obama declarou que “dias difíceis estão por vir”, Petraeus deu a entender que esses dias serão preenchidos com uma luta para derrotar um inimigo que se move. “Certamente, em cada operação vocês vão matar ou capturar alguns (insurgentes) e outros vão fugir. E é por essa razão que vocês têm de continuar a persegui-los”, disse Petraeus. “Esta é a verdade na luta contra a Al-Qaeda e extremistas transnacionais. Na medida em que os pressionamos em um lugar, eles buscarão refúgio e santuários em outras áreas”.
Petraeus disse que é “difícil dizer” que partes do país os insurgentes controlam, mas reconheceu que “o Taleban é resiliente” e a guerra contra eles não é uma luta convencional, destacou. “Este não é um caso no qual se observa uma montanha que temos de tomar, que é conquistada, coloca-se a bandeira e vai-se vai para casa para participar do desfile da vitória”, disse ele. “Este é um desafio muito mais complexo do que isso”. As informações são da Dow Jones.