O economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Maurice Obstfeld, alertou, em entrevista coletiva neste domingo, que os Estados Unidos provavelmente sentirão o peso da desaceleração do crescimento global. “A desaceleração fora dos EUA, na medida em que estamos vendo sinais disso, parece ser mais dramática”, ponderou Obstfeld, que deixa o cargo no final do ano. Sua avaliação corrobora com as previsões oficiais do FMI que caracteriza o crescimento global como “estável” ou “estacionário”.
Obstfeld afirmou que os dados econômicos asiáticos e europeus decepcionaram no terceiro trimestre. No Japão e na Alemanha, por exemplo, o Produto Interno Bruto (PIB) encolheu. Na análise de Obstfeld, os EUA provavelmente apresentarão um crescimento mais forte, mas ele não considera que isso evite totalmente o processo de desaceleração global. “Para o resto do mundo, parece haver algum ar saindo do balão e isso, eu acho, vai voltar e também afetar os EUA”, disse ele.
No entanto, Obstfeld ponderou que não está prevendo uma recessão. “As probabilidades dizem que isso pode ocorrer, mas está longe de ser o nosso cenário de referência”, disse ele. O economista-chefe do FMI prevê ainda que a economia norte-americana registre um crescimento relativamente forte em 2019, mas “em um caminho lento até 2020”.
Para o economista, há a probabilidade de, em um futuro não muito distante, a China ultrapassar os EUA como a maior economia do mundo, se ambos continuarem crescendo em suas taxas atuais. “É realmente importante que isso não se desenvolva de maneira conflituosa, porque isso será desestabilizador para toda a economia global”, alertou. “Será importante tentar atrair a China para a estrutura global com a qual os países concordam, em que a China modifique algumas de suas práticas comerciais e também haja acomodação para algumas de suas metas econômicas legítimas”, acrescentou Obstfeld. Em janeiro, Gita Gopinath assumirá o cargo de economista-chefe do FMI. Fonte: Dow Jones Newswires