Os Estados Unidos mantiveram silêncio, ontem, sobre a operação de retirada de suas tropas de combate do Iraque, concluída na noite de quarta-feira, com o envio da 4ª Brigada de Combate para o Kuwait. A versão oficial, reiterada várias vezes pelo próprio presidente americano, Barack Obama, e pelos comandantes militares indicava que a saída do contingente ocorreria no dia 31. Ontem, Obama e o comando do Pentágono não se pronunciaram sobre a questão, em uma atitude que remete ao cenário de insegurança que ainda prevalece no Iraque.
Recentemente, o ex-embaixador americano em Bagdá, Ryan Crocker, colocou em dúvidas a capacidade de o país, sozinho, controlar a violência local. Segundo Rosiland Jordan, correspondente em Washington da TV Al-Jazira, do Catar, o fato estranho de toda a operação de retirada é o silêncio do presidente. “Nunca ouvimos Obama falar nisso”, afirmou.
Ontem, o porta-voz da Casa Branca, Bill Burton, limitou-se a dizer que os EUA “deixaram o Iraque pronto para cuidar de sua própria segurança”. Mas, contrariando a versão oficial, Burton também disse que ainda há forças de combate remanescentes. “Posso dizer que há mais tropas que serão retiradas do país durante as próximas duas semanas”, afirmou Burton, ao ser questionado sobre as notícias vindas de Bagdá de que as últimas forças de combate americanas haviam saído do Iraque.
Tecnicamente, cerca de 6 mil soldados de combate ficarão no Iraque até, no máximo, dia 31, o prazo em que a Operação Iraque Livre – nome oficial da guerra que durou sete anos e deixou 4.415 americanos mortos – será finalizada. Esses remanescentes não executarão missões de combate, mas apenas tarefas logísticas e de suporte técnico. No dia 1º, conforme acordo assinado entre os EUA e o Iraque, entra em vigor a Operação Novo Amanhecer.
Essa nova fase terá como foco a cooperação civil, a ser conduzida pelo Departamento de Estado, e a preparação das forças de segurança iraquianas. Para isso, 50 mil soldados americanos continuarão no Iraque até 31 de dezembro de 2011. Para Rosiland, não há dúvidas de que já não há mais forças de combate americanas no Iraque, ao contrário do que disse Burton.