EUA: manifestantes e policiais entram em confronto após enterro de homem negro

Policiais e manifestantes entraram em conflito pela segunda vez em três dias em Baltimore, horas após milhares de pessoas comparecerem ao funeral de Freddie Gray, um homem negro de 25 anos que morreu enquanto estava sob custódia da polícia este mês.

As rusgas aconteceram em diversas partes ao redor do shopping Mondawmin, no noroeste da cidade, local próximo à igreja onde Gray foi velado. Manifestantes apedrejaram e confrontaram policiais, deixando sete deles feridos. Segundo o capital Eric Kowalczyk, porta-voz da polícia de Baltimore, um dos policiais ficou inconsciente. A polícia respondeu com gás lacrimogênio.

No início da noite, o governador do estado de Maryland, Larry Hogan, declarou estado de emergência e pediu ajuda da guarda nacional. A cidade também terá um toque de recolher entre as dez horas da noite e cinco da manhã, que começa a partir desta terça-feira. Diversas estações de metrô foram fechadas, e um jogo de beisebol cancelado.

“Neste momento, nosso foca é garantir que as pessoas que moram ali estejam seguras”, disse Kowalczyk. Segundo ele, ainda é incerto se os protestos foram uma resposta direta à morte de Gray.

O Departamento de Justiça já anunciou que iniciará uma investigação sobre a morte de Gray, que teve a espinha dorsal lesionada gravemente na altura do pescoço enquanto estava sob custódia. Poucas horas após ter sido nomeada, a procuradora-geral Loretta Lynch se reuniu com o presidente Barack Obama para discutir a situação na cidade.

Cerca de 3 mil pessoas compareceram ao funeral do jovem, que foi descrito durante a cerimônia como um rapaz que cantava no coreto de sua igreja quando jovem, gostava de moda e jogava por um time de futebol americano da vizinhança. Broderick Johnson, diretor da iniciativa da presidência dos EUA para homens de minorias, compareceu ao funeral, entre outras autoridades.

Os seis policiais de Baltimore que participaram da prisão de Gray foram suspensos. Segundo o advogado da família de Gray, Bill Murphy, eles precisam dizer o que aconteceu a Gray.

“Este é nosso momento de chegar à verdade. É nosso momento de fazer a coisa certa”, afirmou Murphy.

Durante o funeral, a polícia divulgou um comunicado à imprensa dizendo que havia uma “ameaça digna de crédito” de que três gangues notoriamente violentas estavam trabalhando juntas, tendo policiais como alvos. A morte elevou as tensões entre moradores e a polícia, com protestos em alguns momentos violentos no fim de semana.

Erica Garner, 24, a filha de Eric Garner, que morreu sob custódia da polícia de Nova York, participou do funeral. Ela disse que, após ver o vídeo da prisão de Gray, se lembrou da prisão do próprio pai, que reclamou que não conseguia respirar enquanto era detido, e acabou morrendo. “É como se não houvesse prestação de contas, não houvesse justiça”, afirmou. “É como se tivéssemos voltado aos anos 50, de volta para os dias de Martin Luther King.”

Poucas horas após o funeral, dezenas de pessoas tiveram uma escaramuça com a polícia, perto de um shopping no noroeste de Baltimore. Alguns lançaram pedras e tijolos contra os policiais, que tinham escudos e outras proteções.

A morte de Gray reacende o debate sobre o tratamento dado a minorias pela polícia norte-americana. A polícia informou que Gray foi preso após fazer contato visual com policiais e correr. Gray ficou nervoso ao ser levado detido para uma van, sendo então algemado não apenas nas mãos, mas também nos tornozelos.

O jovem ainda pediu ajuda médica várias vezes, inclusive antes de ser colocado na van, mas apenas após 30 minutos os policiais telefonaram para os paramédicos. Autoridades não explicaram como ou quando a coluna vertebral dele sofreu os ferimentos. Fonte: Associated Press e Dow Jones Newswires.

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