Autoridades norte-americanas levaram aos Estados Unidos o primeiro detento da prisão de Guantánamo, informou hoje o Departamento de Justiça do país. O suspeito, Ahmed Ghailani, seguiu até Nova York, onde será julgado por ataques a embaixadas dos EUA na África. O departamento informou que Ghailani foi levado para uma prisão em Manhattan, mas deve comparecer a uma corte federal ainda hoje.
O procurador-geral Eric Holder disse que, na corte, Ghailani será informado sobre seu suposto papel no bombardeio das embaixadas dos EUA na Tanzânia e no Quênia e no assassinato de 224 pessoas. “O Departamento de Justiça tem uma longa história de processar com sucesso suspeitos de terror por meio do sistema de Justiça Criminal e nós traremos essa experiência a fim de buscar justiça neste caso.”
O julgamento é um teste para o plano da administração do presidente Barack Obama de fechar o centro de detenção na baía cubana em sete meses e julgar alguns de seus detentos. Obama tem apoio político para fechar a prisão de Guantánamo, porém, legisladores democratas querem primeiro ver o plano detalhado antes de liberar a verba. Os republicanos lutam para manter a prisão em funcionamento.
Bin Laden
Ghailani foi indiciado em 1998 pelos ataques da Al-Qaeda nas embaixadas norte-americanas no Quênia e na Tanzânia. Os atentados mataram mais de 224 pessoas, incluindo 12 norte-americanos. Autoridades dos EUA afirmam que Ghailani começou sua história extremista entregando partes de bombas, de bicicleta. Ele teria, então, subido nos escalões da Al-Qaeda, até se tornar um guarda-costas do líder do grupo, Osama bin Laden.
Nascido na Tanzânia, Ghailani estava na casa dos 20 anos quando, segundo os promotores, ajudou os terroristas a construir uma das bombas que destruíram as embaixadas dos EUA no leste africano, em 1998. Ele deixou a África antes do atentado, segundo os investigadores.
O suspeito foi apontado como de grande importância pelas autoridades dos EUA, quando foi capturado no Paquistão, em 2004. Ele foi transferido para o centro de detenção na base naval norte-americana em Cuba dois anos depois. Ghailani alega que não sabia que os materiais – entre eles TNT e tanques de oxigênio – que ele entregava seriam usados para produzir bombas. Além disso, nega que tenha comprado um carro usado em um dos ataques, afirmando que não pode dirigir.