A Casa Branca e pelo menos dois estados costeiros ao Golfo exigiram que a British Petroleum crie contas especiais para reservar recursos para o pagamento de danos relacionadas ao gigantesco derramamento de petróleo no Golfo do México. O presidente dos EUA, Barack Obama, quer que uma gestão independente e feita por terceiros dessa conta à parte seja feita para compensar aqueles que tenham direito legítimo à compensação pelos danos, afirmou um conselheiro político do presidente norte-americano, David Axelrod, neste domingo. O montante de dinheiro separado para esse fim seria discutido durante reuniões entre a Casa Branca e a BP, mas Axelrod afirmou que o valor seria “significativo”.
Os estados costeiros ao Golfo também estão apertando o cerco contra a BP. O procurador geral da Flórida e o tesoureiro de Louisiana querem que a BP disponibilize um total de US$ 7,5 bilhões em contas separadas para compensar estados e seus residentes por danos ocorridos agora ou que venham a surgir no futuro. “A minha preocupação é com a Louisiana”, disse o tesoureiro do estado, John Kennedy. “A BP vai fazer o que for melhor para a BP.”
O discurso mais duro da Casa Branca ocorre um dia após a Guarda Costeira divulgar uma carta enviada à BP, ontem, na qual exige que a gigante petrolífera acelere o ritmo e apresente um plano melhor de contenção do derramamento de petróleo. A carta foi divulgada antes da visita de dois dias, a partir de amanhã, que Obama fará à região atingida pelo derramamento.
O diretor operacional da BP, Doug Suttles, afirmou ontem que a BP responderia à carta esta noite. O conselho da companhia também tem um encontro agendado para amanhã para discutir o deferimento de seu dividendo do segundo trimestre e a colocação de recursos em uma conta separada até que sejam conhecidas as obrigações da BP pertinentes ao vazamento. A plataforma Deepwater Horizon explodiu em 20 de abril, matando 11 pessoas e desencadeando um enorme vazamento de petróleo.
Alternativa – No dia 31 de março, a BP tinha disponível US$ 6,8 bilhões em dinheiro ou em produtos financeiros de liquidez imediata. Especialistas afirmam que a BP não precisaria necessariamente usar esse dinheiro para alocação nas contas separadas. Como alternativa, a companhia poderia tomar um empréstimo. Mas isso pode gerar um problema adicional, já que os custos para a empresa pedir recursos emprestados devem ser muito altos em razão das preocupações sobre o vazamento de petróleo para o grupo.
“Nós recebemos uma variedade de pedidos de recursos de diferentes estados e estamos dando respostas nos devidos momentos, com base nas questões levantadas por cada um”, afirmou a BP, acrescentando que já fez transferências de US$ 245 milhões para quatro estados do Golfo e está comprometida com até US$ 360 milhões para o fundo de construção de diques para tentar impedir que o petróleo chegue na costa da Louisiana.
Sobre a crescente preocupação de a empresa entrar com pedido de falência, a BP afirmou que até ontem “não esteve em discussões” e não se envolveu com nenhum especialista em falências.
Na costa do Golfo, novos sinais da tragédia ecológica emergiram nas praias do Alabama. Trabalhadores limparam durante a madrugada o óleo sobre as areias brancas de Orange Beach. Hoje, sacos com o petróleo e areia coletados estavam expostos na praia. As faixas de areia apresentavam uma cor marrom. Cientistas estimam que algo entre 40 milhões de galões (150 milhões de litros) e mais de 100 milhões de galões (380 milhões de litros) de petróleo espalharam pelo Golfo desde que a plataforma explodiu. As informações são da Associated Press.