Os militares norte-americanos entregaram o controle da outrora violenta província de Anbar às forças iraquianas. A transferência é um marco no plano dos Estados Unidos para deixar o Iraque, após a invasão em 2003. Mas funcionários americanos alertaram que a luta contra a Al-Qaeda no Iraque e outros grupos insurgentes não estava encerrada na região oeste do país. A área foi palco de alguns das mais sangrentos confrontos nos últimos cinco anos.
“Essa guerra não está encerrada, mas tem sido vencida, e sobretudo pelo povo de Anbar. A Al-Qaeda não foi completamente derrotada em Anbar, mas o fim deles está próximo e eles sabem disso”, disse o general John Kelly, principal comandante dos EUA em Anbar, durante a cerimônia de entrega do poder.
A mudança de controle não implica na retirada das tropas norte-americanas da região – estimadas em 25 mil soldados. A extensa província, em grande parte deserta, se estende a oeste de Bagdá até as fronteiras com Síria, Jordânia e Arábia Saudita. Porém as tropas dos EUA interromperão as patrulhas e se concentrarão no treinamento do Exército e da polícia iraquianos.
Bush
O presidente dos EUA, George W. Bush, avaliou a entrega da área às forças locais como um grande feito. “As forças iraquianas tomarão agora a liderança nas operações de segurança em Anbar, com as tropas americanas assumindo um papel de monitoramento”, afirmou Bush em comunicado distribuído pela Casa Branca.
Anbar é a 11ª província – de um total de 18 – que passa ao controle iraquiano. A região era um foco da insurgência sunita. A cidade de Faluja tornou-se um símbolo da resistência sunita, até cair sob controle das tropas americanas, em novembro de 2004 no mais violento combate urbano da guerra.
A província era a base da Al-Qaeda no Iraque e seu líder, Abu Musab al-Zarqawi, usava a região como ponto de parada estratégico antes de ataques a Bagdá por terra. Zarqawi foi morto em um ataque aéreo americano, em 2006.
Negociação
Em Bagdá, um alto assessor do primeiro-ministro iraquiano Nouri al-Maliki disse que Bagdá enviou uma série de alterações para um acordo de segurança entre o país e os EUA. O funcionário falou sob condição de anonimato.
Funcionários afirmaram que os dois lados concordaram, em princípio, com um cronograma que prevê uma grande retirada de forças dos EUA do país até o fim de 2011. Mas Maliki já deu a entender que seu governo não está satisfeito com o rascunho até agora discutido.