Tropas norte-americanas e sul-coreanas elevaram hoje o nível de alerta após a Coreia do Norte anunciar que abandonará o armistício vigente na península há mais de cinco décadas. Foi a quinta vez em 15 anos que Pyongyang declara nulo o armistício, segundo a Casa Branca. “A vigilância sobre o Norte será aumentada, com mais aeronaves e pessoal mobilizado”, afirmou um porta-voz do Ministério da Defesa de Seul, Won Tae-jae.

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A Coreia do Norte anunciou ontem que estava abandonando a trégua que encerrou a Guerra da Coreia (1950-1953). Pyongyang advertiu sobre um possível ataque militar ao Sul, dois dias após testar uma bomba atômica pela segunda vez (a primeira foi em 2006).

Os norte-coreanos responderam de maneira ríspida à decisão de Seul de se unir a uma iniciativa internacional liderada pelos Estados Unidos, para interromper a disseminação de armas de destruição em massa. A Iniciativa de Segurança Contra a Proliferação (PSI, na sigla em inglês) pode incluir a interceptação de embarcações para revista, porém a participação da Coreia do Sul é em grande parte simbólica.

Pyongyang, porém, disse que seus militares não estariam mais impedidos pela trégua que encerrou a guerra entre os vizinhos – não houve um cessar-fogo formal. “Quaisquer pequenos atos hostis contra nossa república, incluindo a interceptação e revista de nossas embarcações pacíficas…terão um ataque militar imediato e forte como resposta”, afirmaram as Forças Armadas norte-coreanas.

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Fronteira – Os Estados Unidos possuem 28.500 soldados na Coreia do Sul. Foi a primeira vez que o nível de alerta subiu para o estágio dois, desde o primeiro teste nuclear norte-coreano, em outubro de 2006. O porta-voz sul-coreano disse que a vigilância será centrada na zona desmilitarizada que divide a península, na área de segurança comum, na vila Panmunjom, e na disputada fronteira entre os países no Mar Amarelo.

“A possibilidade de confrontos militares, especialmente em locais de risco potencial perto da fronteira marítima, está se tornando realidade”, avaliou o analista Paik Hak-soon, do Instituto Sejong, da Coreia do Sul. “Caso um confronto naval ocorra de novo, nós veremos algo muito diferente dos últimos dois”, comparou Paik, referindo-se a incidentes em 1999 e 2002, que segundo ele foram “localizados”.

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O professor sul-coreano Kim Yong-hyun, da Universidade Dongguk, disse que o Norte poderia reagir a um confronto do tipo com disparos de mísseis de curto alcance no Mar Amarelo, ou capturando navios pesqueiros sul-coreanos na zona fronteiriça disputada.

O Ministério das Relações Exteriores sul-coreano afirmou que Pyongyang estava “distorcendo muito” a posição de Seul sobre o PSI, usando-o como pretexto para fazer ameaças.