O adiamento da visita do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, ao Brasil foi recebido com alívio nos EUA. “A relação Brasil-EUA é boa e vai se tornar mais próxima no futuro. Estou contente que não há mais a distração de uma visita de Ahmadinejad ao Brasil para atrapalhar essa relação”, disse ao Estado o democrata Eliot Engel, presidente do subcomitê de Hemisfério Ocidental no Congresso americano e copresidente do Brasil caucus. Engel é o nome mais poderoso na Câmara americana para assuntos da região. Ele tinha dito que a visita de Ahmadinejad era “vergonhosa” e enviava “uma mensagem errada” à região.
“A visita ao Brasil teria dado a Ahmadinejad mais uma plataforma para ele destilar seu ódio”, disse Engel, que se estava preparando para participar hoje da reunião anual da Aipac, o influente lobby israelense nos EUA. Uma das principais resoluções de hoje na reunião da Aipac será o pedido de mais sanções contra o Irã. “Nenhuma nação de bem deveria permitir uma visita de alguém como Ahmadinejad.”
Peter Hakim, presidente do centro de estudos Diálogo Interamericano, diz que o cancelamento da visita evitará dores de cabeça para o Brasil. “Se Honduras ou Venezuela recebem Ahmadinejad e apoiam o Irã, ninguém se importa”, diz Hakim. “Mas ao apoiar o Irã e especialmente Ahmadinejad, o Brasil acaba legitimando as violações do país às resoluções da ONU e suas posições antissemitas – esse é o preço que o Brasil paga ao se tornar mais influente no mundo.” Segundo Hakim, o Itamaraty estava buscando uma política de “equidistância” de Europa, EUA e países como Irã e Venezuela. “Mas essa política tem limitações, especialmente no caso do Irã”.
O Departamento de Estado americano disse esperar que o Brasil mantenha seu papel construtivo no relacionamento com o Irã. “Esperamos que o Brasil tenha um papel positivo de encorajar o Irã a não perder a oportunidade de recuperar a confiança internacional, ao cumprir seus compromissos internacionais”, disse uma fonte do Departamento de Estado.