O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, acusou nesta quinta-feira, 26, o governo de Bashar Assad, na Síria, de ter ordenado um ataque com armas químicas. “O regime de Assad é responsável por inúmeras atrocidades, algumas das quais chegam ao patamar de crimes de guerra e crimes contra a humanidade”, afirmou Pompeo. “Hoje, anuncio que os EUA concluíram que o regime usou gás de cloro, uma arma química, no dia 19 de maio.”
O pronunciamento foi feito à margem da Assembleia-Geral da ONU, em Nova York. Segundo Pompeo, o ataque foi feito contra rebeldes na Província de Idlib. O bombardeio seria o primeiro uso de armas químicas por parte do governo sírio desde a operação militar promovida por EUA, França e Reino Unido, em abril de 2018.
Pompeo revelou que a Casa Branca dará US$ 4,5 milhões para a Organização para a Proibição das Armas Químicas (Opaq) investigar outros possíveis ataques químicos. Em maio, o governo americano recebeu vários relatórios que pareciam consistentes com a exposição química de civis após um ataque no noroeste do país – mas não havia obtido uma conclusão definitiva.
O governo do presidente Donald Trump bombardeou duas vezes a Síria em razão de ataques químicos. O primeiro foi uma resposta ao uso de gás sarin, no dia 4 de abril de 2017, em uma ação do governo sírio contra um vilarejo da mesma Província de Idlib. Dois dias depois, Trump ordenou um ataque com mísseis Tomahawk contra uma base aérea da Síria.
Em abril de 2018, Assad voltou a usar armas químicas, desta vez o gás de cloro, em um ataque a Douma, subúrbio de Damasco. Dezenas de civis morreram. A resposta foi dura. EUA, França e Reino Unido lançaram um bombardeio contra três alvos ligados ao programa sírio de armas químicas. Na ocasião, a ONG Human Rights Watch havia documentado pelo menos 85 ataques com armas químicas na Síria desde 2013.
Em outubro do ano passado, rede britânica BBC documentou evidências suficientes de pelo menos 106 ataques químicos na Síria desde setembro de 2013, quando Assad assinou a Convenção de Armas Químicas. O tratado proíbe a produção, a estocagem e o uso desse tipo de armamento. Ao firmar o pacto, Assad concordou em destruir as armas químicas que ainda detinha.
A guerra civil na Síria, que se arrasta desde 2011, deixou mais de 370 mil mortos. Nos primeiros anos, Assad parecia derrotado, permanecendo por muito tempo isolado em Damasco enquanto os rebeldes avançavam no interior do país. A partir de 2014, o conflito se intensificou com a entrada dos jihadistas do Estado Islâmico, que se aproveitaram do caos para instaurar parte de seu califado em território sírio.
A participação de jihadistas acabou arrastando os EUA para o conflito, liderando uma coalizão internacional que incluía aliados tradicionais, como França, Reino Unido, Austrália e Alemanha, em apoio aos rebeldes, contra o Estado Islâmico, a partir de setembro de 2014.
No entanto, em outubro de 2015, Assad retomou a iniciativa com o apoio da Rússia e do Irã, por meio do Hezbollah, milícia xiita libanesa. Mas, além da ajuda externa, muitos analistas dizem que o avanço do regime ocorreu em razão do uso indiscriminado de armas químicas, principalmente de gás sarin e gás de cloro.
O uso de sarin é particularmente cruel, porque se trata de um composto químico inodoro e incolor 20 vezes mais mortífero que o cianeto. O coração e os músculos sofrem espasmos. A exposição ao sarin leva à morte por asfixia em questão de minutos. (Com agências internacionais).
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.