Vinte e cinco anos após uma crise de fome na Etiópia ter matado 1 milhão de pessoas e gerado grande esforço de auxílio global, o governo local apelou hoje por ajuda para alimentar mais de 6,2 milhões de pessoas em situação de risco. O ministro da Agricultura Mitiku Kassa disse que o país precisa até o fim do ano de 159 mil toneladas de auxílio alimentar, no valor de US$ 121 milhões.
Kassa disse que quase 80 mil crianças com menos de cinco anos sofrem no país de desnutrição aguda. Foi solicitado também US$ 9 milhões para crianças e mulheres moderadamente desnutridas.
“Desde janeiro, a Etiópia continua a enfrentar severos desafios humanitários em segurança alimentar e de vida, saúde, nutrição e em água e saneamento”, disse Kassa.
Em um relatório que marca o 25º ano da crise humanitária no país, o Comitê de Oxford de Combate à Fome (Oxfam) pediu mudança de estratégia no combate ao sofrimento humano na Etiópia, segundo país mais populoso da África, atrás da Nigéria.
A Oxfam pediu que doadores enfoquem no auxílio a comunidades de modo a prepará-los para lidar com desastres, ao invés de enviar ajuda emergencial. O comitê notou que as estratégias de longo prazo recebem menos que 1% do auxílio internacional.”Enviar auxílio em comida sem dúvida salva vidas, mas a predominância dessa abordagem fracassa em oferecer soluções de longo prazo que romperiam com essas crises cíclicas e crônicas”, afirma o relatório da Oxfam.
“Nós não podemos levar as chuvas, mas há muito mais que podemos fazer para romper o ciclo de desastre movido pela seca na Etiópia e no Chifre da África”, disse a diretora da Oxfam Penny Laurence. Segundo ela, o envio de comida, apesar de salvar vidas, “não enfrenta as causas subjacentes que continuam a deixar as pessoas vulneráveis a desastres ano após ano”.
Os Estados Unidos já mandaram US$ 3,2 bilhões à Etiópia desde 1991. No entanto, segundo a Oxfam, 94% desse total chegou em forma de mantimentos, diminuindo investimento na produção local. As informações são da Dow Jones.