Por décadas, os norte-americanos que trabalhavam para os governos estaduais e as prefeituras aceitavam como natural o fato de seus salários não serem altos. Mas a segurança no emprego era grande. Agora, não é mais. Os governos estaduais e as prefeituras em todo o país estão diante de déficits orçamentários crescentes. Muitos reagiram cortando serviços, elevando impostos e, pela primeira vez em décadas, fazendo grandes cortes de pessoal. Alguns economistas dizem que esses cortes poderão ser mais intensos no segundo trimestre.
As demissões tornam mais difícil uma redução na taxa de desemprego dos EUA, que estava em 9,5% em junho, de 9,8% em maio. A taxa se reduziu um pouco porque cerca de meio milhão de norte-americanos simplesmente desistiram de procurar trabalho. Uma vez que uma pessoa deixa de procurar emprego, ela já não é contada como “desempregada”.
A economia norte-americana já está sendo pressionada por consumo fraco, quedas nos mercados de ações, a crise da dívida dos países europeus e um mercado imobiliário à beira de uma nova crise.
Falando sobre a onda de demissões no setor público, o economista Mark Vitner, do banco Wells Fargo, comentou que “isso certamente é um freio para a perspectiva de crescimento econômico”.
Também é um problema para as pessoas. À medida que Estados e prefeituras cortam funcionários, os serviços também são reduzidos. Leva mais tempo para registrar um carro, para uma criança obter atendimento por uma enfermeira na escola ou para tomar um ônibus.
Na Califórnia, o Departamento de Veículos Motorizados passou a fechar às sextas-feiras. Em Nova York, o novo Orçamento prevê o fechamento de 30 centros de atendimento a idosos e de um centro de 24 horas para sem-teto em Manhattan, além de eliminar as enfermeiras de todas as escolas com menos de 300 estudantes.
Em Atlanta (Geórgia), o Departamento de Transportes cancelou 40 linhas de ônibus e fechou os banheiros públicos das estações do metrô. Mesmo assim, 300 funcionários poderão ser demitidos, por causa de um déficit orçamentário de US$ 69 milhões.
No primeiro semestre deste ano, os governos estaduais e as prefeituras dos EUA demitiram 95 mil funcionários, mesmo com a recuperação modesta do crescimento depois da recente recessão. No mesmo período, o setor privado gerou 593 mil empregos. Segundo Marisa di Natale, diretora da Moody’s Economy.com, é a primeira vez desde 1981 que o setor público corta empregos ao mesmo tempo em que o setor privado contrata.