O grupo extremista Estado Islâmico publicou um novo vídeo mostrando um homem que parece ser John Cantlie, fotojornalista britânico sequestrado, em que ele alerta os cidadãos que as operações militares no Iraque e na Síria realizadas pela aliança coordenada pelo EUA vai ser tornar uma situação tão difícil como foi a guerra no Vietnã.
O vídeo, o segundo de uma série que parece usar Cantlie como um porta-voz do Estado Islâmico, foi publicado em sites usados pelo grupo jihadista horas depois de os EUA e diversos aliados do Oriente Médio conduzirem o primeiro bombardeio aéreo contra militantes na Síria.
No vídeo publicado nesta terça-feira, um homem aparece na tela usando um traje de prisioneiro laranja e se identifica como Cantlie. Olhando direto para câmera, ele senta em uma mesa e lê um roteiro que critica os EUA e diversas nações europeias, incluindo França, Dinamarca e Reino Unido, por cooperarem com Washington. Ele faz diversas referências a eventos políticos, incluindo o testemunho de militares no Congresso americano, o que sugere que o vídeo foi gravado recentemente.
“Desde o Vietnã não testemunhamos uma situação tão potencialmente catastrófica. Não se trata de alguns grupos indisciplinados com alguns Kalashnikovs”, afirmou. O homem cita os funcionários do Congresso americano e analistas aposentados da CIA que questionaram a decisão de aumentar a intervenção militar.
Um porta-voz do Ministério de Relações Exteriores do Reino Unido afirmou que o governo estava ciente do segundo vídeo. “Estamos em contato próximo com a família e fornecendo toda assistência possível”, afirmou o porta-voz.
Anteriormente o governo britânico declarou que está fazendo tudo possível para assegurar a segurança dos cidadãos sequestrados pelo Estado Islâmico. Contudo, o secretário de Relações Exteriores admitiu na última semana que o governo não tem conhecimento sobre o paradeiro das vítimas.
O novo vídeo de Cantlie foi publicado logo após outro vídeo ter sido divulgado na segunda-feira em que o principal porta-voz do Estado Islâmico, Abu Mohammed Al Adnani, ameaça explicitamente os cidadãos da França, Austrália e Canadá. Os dois vídeos são parte de uma campanha agressiva de propaganda que o grupo extremista usa para recrutar apoiadores, à medida que acumula territórios na Síria e no Iraque.
Cantlie foi capturado junto com o jornalista americano James Foley em novembro de 2012. Foley e outro jornalista americano, assim como um trabalhador humanitário britânico foram decapitados pelo grupo extremista. O sequestro de Cantlie foi mantido em segredo por anos, até ele aparecer em um vídeo similar na semana passada. No primeiro vídeo, Cantlie diz que foi abandonado pelo governo britânico.