A tentativa do Estado de Kelantan, na Malásia, de retomar o uso de moedas de ouro e prata, comuns nas sociedades do início do islamismo, não foi bem recebida pelo banco central do país, que afirmou em comunicado hoje que os governos locais não têm autoridade para emitir seu próprio dinheiro. As moedas de dinar, feitas de ouro, e de dirham, fabricadas com prata, tornaram-se uma alternativa para à moeda corrente do país de maioria muçulmana, o ringgit.
As moedas passaram a circular ontem e podem ser compradas em vários locais em Kelantan, que fica no nordeste do país. Um dinar vale cerca de US$ 180 e um dirham, US$ 4. O Estado é governado pelo Partido Islâmico Pan-Malaio, um grupo conservador de oposição que promove políticas religiosas. O dinar de ouro foi a moeda oficial das sociedades muçulmanas por séculos.
O valor das moedas usadas em Kelantan pode flutuar de acordo com os valores do mercado, mas funcionários dizem que ele é uma alternativa melhor para a moeda oficial, afetada pelo dólar norte-americano e por outras moedas estrangeiras. As autoridades de Kelantan também disseram que o uso de tais moedas é encorajado pelo Alcorão.
Foram produzidas moedas no valor de cerca de US$ 630 mil para serem usadas em cerca de 1.000 locais na capital do Estado, disse Nik Mahani Mohamad, diretor executivo da agência que cuida do comércio de ouro em Kelatan e que cunhou as moedas. “É um grande, grande momento para os muçulmanos”, afirmou. “Estamos fornecendo um meio alternativo para o comércio.”
Mas o projeto encontrou um obstáculo quando o banco central da Malásia informou em comunicado, na noite de hoje (horário local), que o ringgit continua a ser “a única moeda legal para pagamentos de bens e serviços na Malásia”. O banco afirmou que “é a única entidade a ter direito, pela lei, de emitir dinheiro na Malásia”. Não está claro como o banco central malásio planeja impedir o uso das novas moedas em transações.