Há bem pouco tempo, o Hospital Erasto Gaertner, em Curitiba, se destacava pelo tratamento de pacientes com câncer. Mas ao longo dos últimos dois anos, porém, as habilidades do centro se ampliaram. Hoje o hospital é referência no Estado em fornecimento de próteses. Desde o início do trabalho, em 2004, mais de três mil pacientes já foram atendidos pelo Instituto de Reabilitação (IR); 1,8 mil só em 2005. No entanto, o surpreendente é que, com qualidade e esforço de uma equipe multiprofissional, 99% dos pacientes pertencem ao Sistema Único de Saúde (SUS).
Como explica a coordenadora do IR, Maria do Carmo Alencar, o tratamento inclui medicina, fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia e psicologia. Quando o paciente chega, são verificadas as necessidades para só então partirem para a reabilitação. "Quando falamos em reabilitação, nossa preocupação é devolver, dentro dos limites de cada pessoa, as habilidades e a independência", comenta.
Para devolver às pessoas a autonomia, a equipe trabalha na criação de adaptações específicas que capacitam para o desenvolvimento de atividades básicas. Atividades essas que os pacientes – deficientes físico-motores – não se achavam capazes de voltar a fazer sozinhos. "São materiais simples: esponjas, suportes plásticos ou próteses adaptadas para propiciar mobilidade. Estamos sempre atentos para o ganho mínimo que seja, que já é significativo. É importante para a auto-estima do paciente, para que sinta-se mais capaz", diz a coordenadora.
Vitória
Por conta de uma queda, Rafaela Teodoro, de 24 anos, há sete anos está em uma cadeira de rodas. Mesmo com o movimento dos dedos das mãos comprometido, ela comemora a vitória que já obteve na reabilitação. "Senti que melhorou meu equilíbrio e, com algumas adaptações, agora posso pentear meu cabelo e usar computador. Sou mais independente e espero evoluir cada dia mais. Não pretendo ficar parada", anima-se a jovem. Cada movimento novo que aparece ao longo do tratamento é um troféu para Rafaela. "Cada passo dado, mesmo que seja pequeno para muita gente, para mim já é uma caminhada, uma conquista", comemora.
A recuperação de Nestor Vilhalda, de 45 anos, já é mais rápida, mas tem o mesmo sentido de vitória. Há dez anos, um choque lhe fez perder as duas mãos. Hoje, com um gancho na mão direita e outras adaptações, ele comemora o que já pode fazer e aguarda poder fazer o mesmo com a mão esquerda. "Já evoluí muito. Eles adaptaram escova de dente, colher, escova de cabelo. Agora também posso escrever e tomar banho sozinho, além de poder pegar o copo. Me sinto melhor agora", relata Nestor. Em casa, ele conta que faz de tudo, mas ainda pretende voltar a trabalhar.
O hospital atende dois tipos de pacientes: amputados e com seqüelas neurológicas. São pessoas com doenças degenerativas, outras que – às vezes por falta de informação e um simples exame pré-natal – passaram por complicações na hora do parto. Porém, segundo Maria do Carmo, o que tem assustado é o aumento das pessoas vítimas de violência. "Aumentou o número de pacientes que chega até nós com seqüelas da violência: assalto, trânsito e essas coisas", lamenta Maria do Carmo.