O homem detido por matar sete pessoas e ferir outras 10 no centro de Tóquio disse à polícia que avisou que cometeria o massacre em um site de internet. Descontrolado, o jovem de 25 anos jogou no domingo o caminhão alugado que dirigia sobre uma multidão de pedestres e, nos três minutos seguintes, esfaqueou 17 pessoas, entre atropelados e curiosos que se aproximaram. Pelo menos sete das vítimas acabaram mortas. O autor do ataque, Tomohiro Kato, foi imobilizado e preso na hora, com o rosto coberto de sangue.
Um site especializado em conteúdos para celulares tinha registradas várias frases nas quais se previa o massacre ocorrido, no bairro de Akihabara, no centro de Tóquio, um dos principais distritos comerciais da capital japonesa -, espalhando o pânico entre as pessoas que aproveitavam o fim de semana para passear e fazer compras. Aparentemente, as mensagens foram enviadas em seqüência, durante horas, até pouco antes do massacre, e descreviam de maneira fiel a forma como os eventos viriam a se desenvolver.
Seis homens e uma mulher com idades entre 19 e 74 anos estão entre os mortos, mas as autoridades não souberam informar quantas mortes haviam sido provocadas pelo atropelamento e quantas pelos golpes de faca. A polícia afirmou que está investigando se as mensagens foram enviadas por Kato, funcionário de uma fábrica de peças para automóveis da província de Shizuoka, a oeste de Tóquio, ou por outra pessoa.
"O suspeito disse que veio a Akihabara para assassinar pessoas", afirmou Jiro Akaogi, porta-voz da polícia metropolitana de Tóquio. A um policial, Kato disse que "não suportava mais viver" e "odiava o mundo". Os comentários enviados ao site estão registrados em uma conversa com o título "Vou Matar Pessoas em Akihabara". Na primeira mensagem, enviada às 5h21 locais (17h21 do sábado em Brasília), o assassino assegura: "Vou usar meu veículo, e se não for suficiente, usarei uma faca. Adeus a todos".
O post seguinte apontava: "Ser apanhado enquanto realizo minha missão talvez seja o pior resultado". Às 6h31 (18h31 de Brasília), ele se despede: "É a hora. Já vou". Kato disse que alugou uma caminhonete na província de Shizuoka, que havia reservado no dia anterior, foi apanhá-la na manhã do dia do massacre e guiou até Tóquio. Uma mensagem posterior assegura: "Não haverá atrasos por causa da chuva", e pouco antes do massacre diz: "Acabo de chegar a Akihabara".
Hoje, muitas pessoas visitaram o local da chacina e depositaram flores e outras oferendas em homenagem às vítimas. Conhecido por seu baixo índice de criminalidade, o Japão viu o número de crimes com faca crescer nos últimos anos. Em março, uma pessoa morreu e sete ficaram feridas em um ataque similar, num shopping center no oeste do país. O massacre de ontem ocorreu no aniversário de outra célebre agressão a faca no país, cometida por um homem que invadiu uma escola primária em 2001, matando oito crianças.