Trabalhar a manifestação do Transcendente nas escolas e introduzir as diferentes medidas do conhecimento religioso é um dos desafios dos educadores, juntamente com os diversos grupos sociais. Ocorre que os professores exercem um papel decisivo neste processo, pois o "como fazer" está intimamente ligado a sua formação enquanto educador e no que acredita. No mundo atual, pluralista, "os membros da comunidade educativa precisam aproveitar as oportunidades de educação continuada e do desenvolvimento pessoal permanente, especialmente na competência profissional, nas técnicas pedagógicas e na formação espiritual" (Características: 152, 1987, p. 49). Entre esses alvos, que os professores encontram, está a liberdade de opção religiosa do aluno. O mestre-mediador do ensino religioso aponta as inúmeras tradições religiosas existentes na sociedade em que se está inserido. É esse profissional, na função de mediador, que com uma didática da construção pedagógica religa o educando ao Transcendente. Dessa maneira, conforme Junqueira (2002), o ensino religioso está em eqüidade com a "função própria da escola, que é chamada a favorecer os alunos a uma atitude de confronto, ao diálogo e à convivência democrática" (Junqueira, 2002, p. 94). Acredita-se que é intrínseco à criança um desejo de se relacionar com o Transcendente. Faz parte de sua formação cultural e da personalidade individual dela, estar ligada ao Imanente. É neste clima ainda, que o Ensino Religioso encontra espaço para incentivar o aluno a refletir sobre o sentido da sua vida e a assumir um compromisso responsável de transformação da realidade segundo os valores religiosos, por meio de escolhas livres e coerentes.
Cabe ao educando, orientado pelo processo de aprendizagem, que por sua vez é gradual, escolher o caminho que deseja trilhar. Dessa maneira, ele percebe a realidade, compreendendo e formando sua própria identidade religiosa e respeitando a opção religiosa do outro ou dos demais grupos sociais.
A instituição escola manuseia o conhecimento a partir do fenômeno religioso, já a comunidade religiosa, em que a criança está contextualizada, desenvolve o aprofundamento da fé, o credo. Aqui, neste ambiente é enfatizada a doutrina em que se crê, procurando estimular na criança os valores associados à referida doutrina. Não esquecendo que a tradição religiosa é o conhecimento transmitido pelas suas instituições religiosas.
Sendo assim, a escola desenvolve os saberes, que são compostos por uma diversidade cultural religiosa. Tudo isso porque se está diante de inúmeras crianças com as mais variadas informações e formações religiosas. Reforçando sempre que o diálogo é fundamental nesse processo religioso-cultural diversificado. Buscando-o valoriza-se o respeito por si próprio e pelo próximo. É a valorização do ethos, como bem expôs LONGHI (2004), que, fundamentado em KÜNG (1999), definiu a simbologia da expressão para a sociedade atual: "(…) alguma coisa que é aceita como válida, pela qual também outras coisas se orientam, tornando-se assim princípio orientador (…) (LONGHI, 2004, p. 47).
Reforçar os princípios comportamentais das próximas gerações é permitir "que o educando descubra a sua própria formação religiosa", conforme o defende o professor Vicente Bohne, da Universidade São Francisco, São Paulo (FONAPER, 2001). Essa descoberta se processa, cada vez mais, de maneira crítica, consciente, gradual e responsável.
Portanto, dentro dessa diversidade cultural, o mundo da educação, mais especificamente as escolas, pode oferecer aos educandos o conhecimento dos diversos caminhos que ligam as pessoas ao Transcendente. Assim, o Ensino Religioso nas escolas tem como função corresponder às exigências da educação do século XXI, na parte que lhe cabe o conhecimento religioso dentro dessa diversidade cultural e religiosa, que vivemos em nossos dias.
Para maiores informações sobre o Ensino Religioso consulte o site www.gper.com.br.