As equipes de busca identificaram no fundo do mar a possível localização do avião da Lion Air que caiu na segunda-feira, disse o chefe militar da Indonésia nesta quarta-feira, 31, ao mesmo tempo que, em outra frente de trabalho, especialistas tentam identificar as várias partes de corpos recuperados no mar. Também nesta quarta, foi divulgado um vídeo que mostra o embarque dos passageiros no voo fatal – o Boeing 737, com apenas dois meses de uso, sumiu no mar de Java alguns minutos depois de decolar de Jacarta, matando as 189 pessoas a bordo.

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“Nesta manhã, fui avisado pelo chefe da Agência de Busca e Resgate sobre a forte possibilidade da localização das coordenadas (do voo JT 610)”, disse o chefe das Forças Armadas Hadi Tjahjanto. “Espero que esta seja a parte principal do avião que estávamos procurando.”

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Separadamente, o chefe do Comitê Nacional de Transportação em Segurança, Soerjanto Tjahjono, disse aos repórteres que os sinais detectados pelas equipes de busca certamente são do gravador de voo da aeronave por causa do intervalo constante entre eles.

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O desastre reacendeu preocupações sobre a crescente indústria de aviação da Indonésia, que foi recentemente removida das listas negras da União Europeia e dos Estados Unidos, levantando dúvidas sobre a segurança da nova geração do avião Boeing 737 MAX 8.

Especialistas da Boeing devem chegar à Indonésia nesta quarta e a companhia Lion Air disse que uma “intensa” investigação interna está em andamento, além da investigação conduzida pelos agentes de regulação de segurança.

O oficial da Marinha Haris Djoko Nugroho disse que o objeto de 22 metros que poderia ser parte da fuselagem está a 32 metros de profundidade no mar. Ele falou que mergulhadores tentarão chegar ao objeto depois que o escâner sonar produzir imagens detalhadas. A descoberta da peça aconteceu na noite de terça-feira. “Há pequenos objetos que achamos, mas, na noite passada, graças a Deus, nós achamos um objeto grande o suficiente (para ser da fuselagem da cabine)”, disse.

Dados de sites de monitoramento de voos mostram que o avião apresentou velocidade e altitude erráticas nos primeiros minutos de um voo no domingo e no voo fatal de segunda-feira. Especialistas de segurança dizem, contudo, que os dados precisam ser comparados com o registrado pelas caixas-pretas do avião, as quais os oficiais estão confiantes que serão recuperadas.

Diversos passageiros no voo de Bali para Jacarta, no domingo, relembraram problemas que incluem a demora para decolar por causa de uma checagem de motor e descidas bruscas nos primeiros 10 minutos no ar.

Duas pessoas entrevistadas por uma emissora de TV indonésia contaram detalhes do voo, como um barulho estranho no motor, um cheiro de cabos queimados e passageiros em pânico pedindo socorro a Deus assim que o avião perdeu altitude. Eles também disseram que em outro momento, um homem que seria o capitão ou outro oficial da tripulação andou pelo avião e retornou para a cabine com o que parecia ser um grande manual.

A Lion Air afirmou que a manutenção no avião foi feita depois do voo no domingo e o problema, que não foi especificado, foi consertado.

Funcionários do governo disseram que as equipes de resgate enviaram 48 sacos mortuários contendo restos humanos para a identificação pela polícia – muitos parentes dos passageiros já forneceram amostras de DNA para a polícia. Os resultados dos testes devem demorar de 4 a 8 dias para ficarem prontos.

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A TV indonésia exibiu um vídeo de celular feito por um dos passageiros no embarque do Voo JT 610. O material mostra os cartões de embarque dos passageiros sendo checados e pessoas andando pelo saguão e, então, em direção ao avião da Lion Air.

Em certo momento, o passageiro que gravou o vídeo, Paul Ferdinand Ayorbaba, dá um zoom no número do voo no seu cartão de embarque. Uma parte do vídeo mostra os passageiros subindo as escadas de embarque do avião.

“Meu marinho me enviou esse vídeo via WhatsApp. Foi o último contato dele comigo, sua última mensagem para mim”, disse Inchy Ayorbaba, entrevistada no hospital policial de Jacarta, onde ela levou os três filhos do casal para fornecerem amostras de DNA.

O aplicativo de mensagem indica que o vídeo foi enviado cerca de 35 minutos antes de o avião decolar, disse Ayorbaba, que viu a mensagem por volta das 6h30, dez minutos depois do horário previsto para a decolagem do avião, e voltou a dormir.

O Ministério de Transportes da Indonésia ordenou que todos os Boeing 737 MAX 8 operados pela Lion Air e a por outra empresa indonésia, Garuda, sejam inspecionados. A Lion Air comprou 50 desses aviões, em uma operação estimada em US$ 6,2 bilhões, e atualmente já utiliza 9 deles.

A Boeing se recusou a comentar sobre a possibilidade de todos os aparelhos deste modelo passarem por inspeções. A fabricante americana disse às companhias em uma nota que “no momento a Boeing não ações recomendadas para os operadores”, de acordo com duas pessoas familiares com a questão.

O presidente da Lion Air, Edward Sirait, disse à Associated Press que a data do encontro com especialistas da Boeing ainda é incerto. Daniel Putut, um diretor da Lion Air, disse na noite de terça-feira que a companhia aérea espera se encontrar com funcionários da Boeing na tarde desta quarta-feira. “É claro que há várias coisas que iremos perguntar a eles, nós todos temos interrogações aqui. ‘Por quê? O que houve com esse avião novo'”, disse Putut.

A queda do Boeing da Lion Air é o pior desastre aéreo na Indonésia desde 1997, quando 234 pessoas morreram na queda de um avião da companhia Garuda perto de Medan. Em dezembro de 2014, um voo da AirAsia de Surabaya para Cingapura caiu no mar, matando os 162 a bordo.

Companhias aéreas indonésias foram impedidas em 2007 de voar para a Europa por causa de preocupações com segurança, embora várias tenham recebido permissão pare retomar os serviços na década seguinte. O banimento foi completamente encerrado em junho. Os EUA acabaram com a proibição em 2016, depois de uma década.

A Lion Air, uma operadora de baixo-custo, é uma das mais jovens e maiores companhias aéreas da Indonésia, voando para dezenas de destinos domésticos e internacionais. Ela expandiu agressivamente sua operação no sudeste asiático, uma região com crescimento rápido e mais de 600 milhões de pessoas. Fonte: Associated Press