Lodi Gyari e Kelsang Gyaltsen, representantes do dalai-lama, disseram nesta segunda-feira (30) que irão se reunir para conversações com funcionários do governo chinês. O primeiro-ministro do auto-proclamado governo do Tibete no exílio, Samdhong Rinpoche, confirmou que os dois enviados, que chegaram nesta segunda a Pequim, se engajarão em conversações com os chineses a partir de amanhã. "Esta será a continuação do diálogo formal, que começou em 2002 " disse Rinpoche.
Os encontros são o resultado de conversas informais mantidas a partir do começo de maio na cidade de Shenzhen, no sul da China, que acabaram com a promessa chinesa de futuras discussões.
"Sua santidade, o dalai-lama, instruiu os enviados a adotarem todos os esforços para obter progressos verdadeiros e aliviar a situação difícil para os tibetanos na sua terra natal," informou um comunicado do escritório do líder tibetano.
A China informou que o convite foi estendido ao dalai-lama, o líder espiritual do Tibete, mas não deu mais detalhes. "Nossa porta sempre está aberta para o diálogo com o dalai-lama. Nós esperamos que ele aproveite essa oportunidade e dará uma resposta positiva ao gesto das autoridades centrais," disse um funcionário chinês não identificado, num comunicado de dois parágrafos reproduzido pela agência estatal chinesa de notícias Xinhua.
Tumultos
A pressão internacional tanto sobre tibetanos quanto sobre chineses cresceu após os tumultos que aconteceram em março na capital tibetana de Lhasa e nas províncias chinesas vizinhas com população tibetana.
A China foi acusada de reprimir de maneira brutal os motins contra o governo chinês que irromperam no Tibete. Enquanto o governo de Pequim afirma que 22 pessoas foram mortas na capital tibetana Lhasa, tibetanos que vivem no exílio afirmam que um número muito maior de pessoas perdeu a vida, tanto durante os protestos quanto na repressão que se seguiu.
A secretária de Estado dos Estados Unidos, Condoleezza Rice, que finalizou dois dias de conversações em Pequim, se disse encorajada com a nova rodada de conversações e instou a China a manter um diálogo sincero com o dalai-lama. "Nós acreditamos que ele é uma figura muito positiva ao lidar com a difícil questão tibetana," disse Rice.
Pequim governa o Tibete com mão de ferro desde a década de 1950, quando tropas da República Popular da China irromperam no país da região do Himalaia. A demanda tibetana atual, apoiada pelo dalai-lama, é que o governo chinês concorde com alguma forma de autonomia ao Tibete, que permitirá à população local a prática livre do seu idioma, religião e cultura.