O subsecretário de Estado norte-americano para Assuntos do Hemisfério Ocidental, Craig Kelly, chegou ontem a Tegucigalpa a fim de verificar o cumprimento dos acordos firmados para se solucionar a crise política em Honduras, iniciada após Manuel Zelaya ter sido deposto do poder, no dia 28 de junho. Um porta-voz do Departamento de Estado explicou em Washington que o objetivo da visita é ver “como ajudamos Honduras a avançar, superar e encerrar a tensão que resultou das ações executadas em junho”. O porta-voz lembrou que um novo governo assumirá o país em 27 de janeiro.
“A pergunta principal é se pode esse governo ser um veículo por meio do qual se comece um processo de cura e conquiste uma situação na qual o povo hondurenho possa estar unido atrás desse novo governo”, completou o funcionário. O porta-voz disse ainda que os EUA esperam “ver uma verdadeira restauração dos valores constitucionais e democráticos” em Honduras. A embaixada norte-americana informou que Kelly deve permanecer dois dias no país.
Ele se reuniu ontem com o presidente deposto e com Porfirio Lobo, líder do opositor Partido Nacional e vencedor das eleições presidenciais de 29 de novembro. Hoje ele deve se encontrar o presidente de facto, Roberto Micheletti.
Líder deposto
Zelaya declarou à Rádio Globo, uma emissora local, que os EUA estão “interessados em que Micheletti saia do posto o mais rápido possível”. Além disso, segundo ele, “Washington reconhece que eu sou o presidente de Honduras”. Ele pediu que as Forças Armadas “retornem a seus quartéis”. Zelaya foi expulso do país após ser derrubado pelos militares, mas retornou a Honduras em 21 de setembro. Desde então, está abrigado na embaixada brasileira em Tegucigalpa.
Micheletti e Zelaya firmaram um acordo em 30 de outubro, apoiado por Washington e pela Organização dos Estados Americanos (OEA), estabelecendo a formação de um governo de reconciliação nacional e de uma comissão da verdade. O governo de união acabou não ocorrendo por conta das divergências entre os grupos políticos.