O subsecretário de Estado norte-americano para o Hemisfério Ocidental, Arturo Valenzuela, se reuniu hoje com a imprensa brasileira em Brasília. No encontro, ele defendeu que o presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, deixe logo a Embaixada do Brasil na capital Tegucigalpa “ainda como presidente de Honduras”. Ou seja, sem ter de pedir asilo político e antes de 27 de janeiro, quando tomará posse o seu sucessor na presidência.
Na semana passada, Zelaya tentou se mudar para o México com um salvo-conduto, mas o governo de facto hondurenho não permitiu que ele deixasse o país com o status de presidente, o que poderia dar-lhe mais força para articulações políticas.
Hoje, o enviado dos EUA também defendeu que a eleição presidencial de 29 de novembro em Honduras, que definiu Porfírio “Pepe” Lobo como futuro presidente, “não pode ser desqualificada”. “O próximo presidente será Pepe (Lobo)”, insistiu. No entanto, o governo brasileiro resiste em legitimar esse processo.
Segundo Valenzuela, o processo eleitoral começou em novembro de 2008 – antes, portanto, do golpe – e foi marcado pela presença da maioria dos candidatos originais. Lembrou que, para os Estados Unidos, a eleição foi um “passo necessário para a solução” da crise política no país. Mas não é suficiente para a restauração da Democracia em Honduras.
Soluções para crise
Valenzuela afirmou hoje que a solução da crise política de Honduras depende de três pontos: criação de um governo de unidade nacional, definição sobre a restituição ou não do presidente deposto, Manuel Zelaya, e composição de uma comissão para tratar de avanços democráticos no país. Ele acrescentou, porém, que qualquer solução deverá trazer uma clara mensagem de que nada justifica um golpe de Estado. “Não há desculpas para a destruição da ordem democrática”, afirmou.
Valenzuela se reuniu com os jornalistas brasileiros logo depois de conversar com o assessor de Assuntos Internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia. Conforme afirmou, os Estados Unidos se aliaram aos demais países das Américas na condenação ao golpe que destituiu Zelaya e na decisão de suspender Honduras da Organização dos Estados Americanos (OEA). Em concordância com a posição brasileira, ressaltou que o golpe foi um ato intolerável e abriu um “precedente” que pode causar enormes danos.