Um funcionário da Organização das Nações Unidas (ONU), que falou em condição de anonimato, disse que o enviado da organização no Afeganistão, Kai Eide, se reuniu com integrantes do Taleban em Dubai, nos Emirados Árabes, neste mês.
“O Taleban fez sondagens junto ao Representante Especial para discutir negociações de paz”, disse o funcionário. “Esta informação foi compartilhada com o governo afegão e a ONU espera que o governo afegão tire proveito dessa oportunidade”.
O funcionário não revelou quais integrantes do grupo militante participaram da reunião, mas afirmou que eram “membros ativos da insurgência” e que a reunião foi realizada por causa de um pedido do Taleban.
Perguntado sobre o caso, o porta-voz de Eide, Aleem Siddique, disse que “o Representante Especial nunca comentou se ele havia tido contado com o Taleban no passado e ele não vai começar a falar sobre isso agora”.
Eide, que vai deixar o cargo de enviado para o Afeganistão da ONU em março, foi um importante delegado na Conferência de Londres. Nesta semana, representantes de 70 países debateram temas relacionados ao Afeganistão, como a retirada gradual das tropas estrangeiras no país e o plano do presidente afegão, Hamid Karzai, de convencer militantes do Taleban a se desarmarem.
Propostas para o Afeganistão
As discussões se concentraram em como estabilizar o Afeganistão e fortalecer Karzai – que foi reeleito em novembro num pleito marcado pela corrupção – bem como a reconciliação com os militantes que desejam parar de lutar contra o governo.
A conferência foi considerada propaganda pelo Taleban, a quem Karzai havia convidado para participar das conversações. Um fundo internacionalmente apoiado, que deve chegar a US$ 500 milhões, foi a principal plataforma das propostas de Karzai na conferência. Karzai disse no fórum que o Afeganistão e seus apoiadores ocidentais precisam “se aproximar de todos os homens do país, especialmente nossos irmãos desencantados que agora são parte da Al-Qaeda”.
O ministro de Relações Exteriores britânico, David Miliband, disse que US$ 140 milhões foram prometidos para o primeiro ano do fundo. “Esse dinheiro é para assegurar que há infraestrutura apropriada que permita a reintegração”, disse ele à televisão BBC. Ele disse o fundo também vai fornecer “segurança, de maneira que as pessoas que deixarem a insurgência e voltem às suas comunidades fiquem protegidas, porque obviamente o Taleban irá atrás deles”.
A secretária de Estado norte-americana Hillary Clinton disse acreditar que o plano vai funcionar. “Esperamos que vários soldados dos campos de batalha deixem o Taleban porque muitos deles querem deixar os combate, muitos deles estão cansados de lutar. Acreditamos a maré se voltou contra eles”, disse ela.
As informações são da Dow Jones.