A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, fez um pronunciamento em tom duro nesta sexta-feira sobre o “impasse” que segundo ela ocorre nas negociações para a saída do país da União Europeia, o chamado Brexit. May comentou que há divergências com o bloco sobre a relação econômica futura e o status da fronteira entre a Irlanda e a Irlanda do Norte. Em sua fala, a premiê criticou as autoridades da UE por não aceitarem a estratégia dela, conhecida como plano Chequers, mas não detalharem suas críticas nem oferecerem uma contraproposta clara.

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“Sempre disse que as negociações do Brexit com a UE seriam duras”, sobretudo na reta final, lembrou May. Ontem, ela se reuniu com lideranças do bloco em Salzburgo, na Áustria, e ouviu das autoridades presentes um não a seu plano para a saída, aprovado pelo gabinete britânico em junho. “Não se pode rejeitar nossa proposta sem detalhes ou contrapropostas”, enfatizou May, sinalizando que Londres espera uma proposta da UE para tentar superar as diferenças. O prazo previsto para a saída do país é 29 de março de 2019.

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Sobre a questão das Irlandas, May ressaltou que ela ou qualquer outro premiê não poderiam aceitar uma fronteira rígida entre ambas, pois isso significaria o fim da integridade do Reino Unido. “O Parlamento britânico já rejeitou por unanimidade uma fronteira rígida entre as Irlandas”, lembrou.

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Ainda segundo a premiê, a proposta atual da UE impediria que Londres fizesse acordos com outros países. Ela disse que o bloco pretende manter, na prática, a Irlanda do Norte dentro da união alfandegária europeia, mas isso é incompatível com a integridade nacional. A Irlanda faz parte da UE, mas a Irlanda do Norte deve agora deixar o bloco, junto com o restante do Reino Unido.

“Nenhum acordo sobre o Brexit é melhor que um acordo ruim”, afirmou May, ressaltando que o plebiscito feito no país para a saída da UE foi legítimo e precisa ser respeitado. Segundo ela, “negar a legitimidade do plebiscito é uma ameaça à democracia em nosso país”. De qualquer modo, a premiê enfatizou que os cidadãos dos demais países da UE que vivem no Reino Unido terão seus direitos mantidos e continuarão a ser bem-vindos, mesmo com o impasse no diálogo entre autoridades.

May ainda fez um aceno firme ao bloco, em meio aos desgastes recentes na negociação: “Tenho tratado a UE sempre com respeito e esperamos o mesmo da parte deles”, afirmou. Ontem, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, divulgou uma foto em sua conta no Instagram, uma cena amistosa entre ele e May, mas com uma legenda na qual Tusk ironiza o suposto desejo do Reino Unido de escolher apenas o que lhe interessa no acordo de separação.