As companhias norte-americanas inundaram os mercados de bônus europeus com novas emissões este ano, aproveitando as baixas taxas de juros na região. Segundo dados da provedora Dealogic, essas vendas de títulos totalizam 53 bilhões de euros, já superando em 39% o volume fechado de 2014. Esse número já contabiliza as dívidas colocadas no mercado na semana passada por Wells Fargo e American Honda Finance, que somaram 2 bilhões de euros.
“Nós temos visto enormes quantidades de emissão de bônus em euros este ano, de todas as companhias internacionais, mas especialmente dos EUA. E isso deve continuar”, comenta Frazer Ross, diretor-gerente do Deutsche Bank. As companhias norte-americanas respondem por 22% das emissões em euros este ano, somando mais do que as empresas francesas e italianas juntas, e bem acima da participação dos EUA no ano passado, que ficou em 12%.
Entre outras grandes companhias norte-americanas que já acessaram os mercados europeus este ano estão Coca-Cola, Berkshire Hathaway e AT&T. Outras como Pentair e Digital Realty estão se encontrando com investidores neste momento.
As companhias internacionais têm sido atraídas pelas baixas taxas de juros na zona do euro, em meio ao programa de relaxamento monetário do Banco Central Europeu (BCE). O movimento é intensificado pela expectativa de que o Federal Reserve eleve os juros em algum momento este ano. Antes disso, as emissões em dólares também estão crescendo fortemente este ano e já somam US$ 575 bilhões, no caminho para atingir um nível recorde.
“Ainda faz muito sentido as companhias norte-americanas virem para a Europa. Com a previsão de que o Fed eleve os juros e o relaxamento monetário na Europa apenas começando, as taxas de juros historicamente baixas oferecidas parecem muito atrativas, especialmente para as companhias com operações na Europa”, comenta Russell Schofield-Bezer, diretor de mercados de dívida na Europa do HSBC.
Entretanto, alguns analistas já começam a apontar que a onda de emissões na zona do euro pode pesar no apetite dos investidores. A grande oferta derruba os preços e acaba elevando os yields nos mercados secundários, mesmo com as compras promovidas pelo BCE. O índice de títulos corporativos da zona do euro calculado pelo Barclays, que acompanha 1.670 papéis com graus de investimento denominados em euros, ronda atualmente o patamar de 1,4%, comparado com a mínima de 0,8% atingida em março.
Para Stephen Dulake, diretor global de pesquisa de crédito do JPMorgan, se as companhias norte-americanas continuarem emitindo dívida, “elas podem poluir o mercados de bônus da zona do euro”. Fonte: Dow Jones Newswires.