O embaixador dos Estados Unidos na Coreia do Sul, Mark Lippert, foi ferido com uma faca por um manifestante durante um evento em Seul, na manhã desta quinta-feira (noite de quarta-feira no Brasil).
O embaixador, de 42 anos, participava de um café da manhã em um centro cultural quando foi atacado no rosto e no braço. Ele foi levado ao hospital e não corre o risco de morrer.
Este foi um exemplo extremo que mostra o quanto os manifestantes esquerdistas sul-coreanos estão enfurecidos com os Estados Unidos por causa de seu papel na história da Coreia. Washington apoiou a Coreia do Sul durante a Guerra da Coreia, entre 1950 e 1953, contra a Coreia do Norte comunista. Os Estados Unidos ainda enviam cerca de 30 mil soldados que participam de exercícios militares anuais com Seul. Os ativistas veem isso como um grande obstáculo para o objetivo de reunificar as duas Coreias.
“A Coreia do Sul e a do Norte devem ser reunificadas”, gritou o manifestante Kim Ki-jong ao atacar Lippert com uma faca de 25 centímetros. Ele é conhecido pelo seu longo histórico de protestos contra os Estados Unidos e foi preso após o ataque.
O embaixador dos Estados Unidos levou 80 pontos no rosto e passou por uma cirurgia no braço para reparar os danos nos tendões e nervos. Ele permanece estável no hospital. Lippert tornou-se embaixador em outubro do ano passado e tem marcado presença regular na mídia e em eventos sociais em Seul. Ele deve ser liberado do hospital em até quatro dias e poderá ter problemas sensoriais em sua mão esquerda, segundo comunicou um funcionário.
Após nove horas do ataque, Lippert postou em sua conta no Twitter que estava bem e que estaria de volta “o mais rápido possível para estabelecer a aliança entre os Estados Unidos e a Coreia do Sul”.
Em depoimento à polícia, Kim disse que atacou Lippert para protestar contra os exercícios militares entre os Estados Unidos e a Coreia do Sul, que começaram na última segunda-feira. Kim disse que os exercícios militares, que Washington e Seul afirmam ser apenas para defesa, irão arruinar a reconciliação entre as duas Coreias.
Após o ataque, a mídia estatal da Coreia do Norte noticiou que “os golpes de faca fizeram justiça” e “foram uma punição merecida aos Estados Unidos, que são maníacos por guerra”, e que refletem os protestos do povo sul-coreano contra os Estados Unidos, que podem gerar uma guerra por causa dos exercícios militares em conjunto.
A polícia sul-coreana já estava ciente do comportamento de Kim Ki-jong. No entanto, não havia considerado a possibilidade de ele ter ligação com o Conselho de Reconciliação e Cooperação, grupo que organizou o café da manhã no qual Lippert foi atacado.
O ministro de Relações Exteriores de Seul disse que esta foi a primeira vez que um embaixador foi vítima de um ataque violento na Coreia do Sul. No entanto, o diplomata do Japão escapou de uma lesão em 2010, quando o mesmo Kim Ki-jong jogou um pedaço de concreto contra o diplomata, de acordo com a polícia. Na época, Kim Ki-jong protestava contra a reivindicação do Japão pelas pequenas ilhas ocupadas pela Coreia do Sul. Ele ficou preso por três anos, mas estava em liberdade condicional. Fonte: Associated Press.