Autoridades uruguaias consideraram uma "contribuição" para superar a crise diplomática com o governo de Buenos Aires as declarações dadas pelo embaixador da Argentina em Montevidéu, que criticou os bloqueios de pontes realizados por seus compatriotas em protesto contra a papeleira Botnia.
"Um gesto tão forte de um representante do governo argentino, um pedido tão comprometido, constitui uma cordial contribuição em busca dos entendimentos necessários para superar este questão", afirmou o ministro do Turismo uruguaio, Héctor Lescano, sobre as palavras de Hernán Patiño Mayer.
Patiño Mayer disse ontem, em um ato ao qual Lescano estava presente, que "já não tem sentido" o bloqueio da ponte General San Martín devido à instalação da fábrica de celulose finlandesa Botnia em Fray Bentos, 309 quilômetros a noroeste de Montevidéu, considerada altamente poluente pelo governo de Buenos Aires.
Na cidade uruguaia de Colonia, 180 quilômetros a oeste da capital, Patiño Mayer acrescentou que o bloqueio "fere os sentimentos" e acrescentou que "entre irmãos os sentimentos não podem ser tocados".
O Uruguai "sempre manteve sua mão estendida para os irmãos argentinos que nunca deixaram de ter conosco uma grande fidelidade apesar dos bloqueios de rota", acrescentou Lescano ao jornal Ultimas Noticias nesta segunda-feira.
Ambientalistas da cidade argentina de Gualeguaychú, província de Entre Ríos, bloqueiam de maneira ininterrupta desde dezembro de 2006 a ponte San Martín, que une a cidade com a uruguaia Fray Bentos, sobre o rio Uruguai.
Os ativistas, entre 5 e 10 mil segundo diferentes fontes, realizaram neste domingo uma quarta marcha sobre a fronteira em protesto contra a Botnia, que iniciou sua produção em novembro.
Uruguai e Argentina tentam resolver a questão na Corte Internacional de Justiça de Haia, cujo veredicto será dado em 2009.