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Embaixada da Guiné atribui incidente com vice-presidente a período eleitoral

Em nota divulgada nesta segunda-feira, 17, a embaixada da Guiné Equatorial no Brasil atribui o incidente com o vice-presidente, Teodoro Obiang Mangue, que teve dinheiro e relógios apreendidos pela Receita Federal na última sexta-feira, a um “desacerto entre duas autoridades políticas e administrativas brasileiras, que só pode ser atribuído ao período de campanha eleitoral que se vive neste momento”.

A nota faz referência a um suposto bate-cabeça entre o Itamaraty, que teria pedido a liberação das bagagens sem vistoria, e a Receita Federal, que insistiu em fazer a fiscalização e apreendeu os itens.

Fontes do Ministério das Relações Exteriores negam que esse conflito tenha ocorrido. Segundo elas, a pasta deu sinal verde para a ação dos fiscais.

Questionado sobre a razão de a nota fazer referência ao período eleitoral, o primeiro-secretário da embaixada, Leminio Akuben, atualmente a autoridade máxima do país no Brasil, não soube explicar. “Foi um pequeno lapso”, disse ele ao jornal “O Estado de S. Paulo”, por telefone. “Não tem nada a ver.”

Ao longo do último fim de semana, circulou nas redes sociais a suspeita que o dinheiro trazido pelo vice-presidente seria destinado a uma campanha eleitoral. “Isso é uma mentira. Nada a ver. Absolutamente, não. Nada, nada. Nada a ver com o processo eleitoral”, enfatizou Akuben.

Na última sexta-feira, Teodoro Obiang Mangue, filho do ditador da Guiné Equatorial e vice-presidente do país, aterrissou no aeroporto de Viracopos em seu avião particular. A bagagem foi vistoriada e os fiscais da Receita apreenderam US$ 1,5 milhão em dinheiro vivo não declarado, em várias moedas, e cerca de 20 relógios de luxo. No total, os bens foram estimados em US$ 16 milhões.

Mangue deixou o Brasil na manhã do domingo, levando R$ 10 mil liberados pelos fiscais. O restante segue retido. Segundo fontes da Receita, Teodorin, como é conhecido, poderá ser denunciado por lavagem de dinheiro.

A Receita e a Polícia Federal verificarão a origem do dinheiro. Caso o Ministério Público entenda que o recurso possa ser fruto de corrupção, mesmo praticada na Guiné, a ocultação dele e sua não declaração à Receita podem ser indícios suficientes para os promotores oferecerem uma denúncia por lavagem de dinheiro.

No ano passado, Teodorin recebeu uma sentença de três anos na França por lavar dinheiro de corrupção com a aquisição de imóveis. Ele é alvo de investigações semelhantes na Suíça, na África do Sul, na Espanha e nos Estados Unidos.

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